Finalmente o estado brasileiro resolveu agir contra o festival de crimes ambientais que assola o rio Madeira. Na madrugada de sábado (27/11), agentes do IBAMA, da Polícia Federal, da Marinha e da Aeronáutica reunidos na Operação Uiara apreenderam ao menos 31 balsas e destruíram 38 lanchas e 69 dragas usadas para sugar o leito do rio, conforme informa André Borges no Estadão.
Antes tarde que nunca, mas a demora permitiu que grande parte das embarcações que garimpavam ilegalmente ouro no leito do rio se dispersassem. Antes da dispersão, o delegado Alexandre Saraiva, quem atuou por dez anos na região amazônica, dizia que a melhor maneira de abordar os criminosos seria atacando sua logística de abastecimento de diesel e peças de reposição.
O Globo informa que as autoridades brasileiras já tinham há cerca de um mês imagens de satélite mostrando a formação da vila fluvial de garimpeiros no Rio Madeira, no município de Autazes (AM), para a exploração ilegal de ouro.
É interessante saber que o ministro da justiça, Anderson Torres, celebrou a operação. Ainda mais interessante foi ler n’O Globo que Bolsonaro parabenizou o ministro da Justiça pela operação, que foi a maior já realizada contra o garimpo ilegal desde o início do governo Bolsonaro. Lembremo-nos que o presidente já se manifestou contrário à queima de maquinário e favorável à exploração de minério em áreas de reserva na Amazônia.
A Folha lembrou que os escritórios do IBAMA e do ICMBio que existiam em Humaitá, à beira do Madeira, foram destruídos há quatro anos por uma revolta de garimpeiros feita em retaliação à destruição de 31 balsas de garimpeiros ilegais. Depois disso, os fiscais dos dois órgãos foram transferidos e a região do Madeira passou estes anos sem fiscalização permanente. A matéria também faz um breve histórico do licenciamento destas operações: “No final de 2017, logo após o ataque, o governo do Amazonas concedeu licenças de operação para garimpo no rio Madeira. O MPF (Ministério Público Federal) recorreu à Justiça e conseguiu uma liminar suspendendo as autorizações. Em agosto, uma nova decisão judicial anulou essas licenças.”
Outras matérias sobre a Operação Uiara foram publicadas pela Folha, Metrópoles, O Globo, O Globo, O Globo, UOL e CNN.
Em tempo: Mais uma evidência da ligação entre o garimpo ilegal e o narcotráfico foi trazida à luz pelo O Globo. Um piloto de Fernandinho Beira-Mar e um alvo da Operação Narco-Gold da Polícia Federal, os dois apontados pela PF como chefes de organizações criminosas, obtiveram entre 2020 e 2021 da Agência Nacional de Mineração (ANM) o direito de explorar uma área de mais de 810 hectares de garimpos de ouro na Amazônia em Itaituba, na região do Médio Tapajós, no Pará. A ANM informou, em nota, que não é de competência da autarquia “pesquisar a vida pregressa, judicial ou afins” de pessoas que requerem o direito de explorar o subsolo amazônico.
Fonte: ClimaInfo
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