Uma equipe de pesquisadores analisou um fluxo antigo de lava no leste da Escócia para estudar o campo magnético da Terra, que está sempre mudando sua direção e intensidade. Com o magnetismo gravado na lava antes da sua solidificação, os cientistas puderam sustentar a hipótese de que o campo magnético tem ciclos de 200 milhões de anos.
De acordo com os resultados, o nosso campo magnético, que protege o planeta das erupções solares, se enfraquece a cada 200 ou 300 milhões de anos, para depois se fortalecer novamente. Esses períodos de enfraquecimento estão por sua vez relacionados à inversão dos polos magnéticos da Terra.
A equipe também usou esses registros geológicos do campo magnético para verificar outras medições feitas nas últimas décadas, a fim de verificar se a história do campo magnético da Terra foi corretamente descrita pelas pesquisas anteriores. Em outras palavras, eles analisaram a precisão das medições de outras amostras datadas de 200 a 500 milhões de anos atrás, coletadas nos últimos 80 anos.
Eles descobriram que entre 332 e 416 milhões de anos atrás — período que foi batizado de Dipolo Paleozoico Médio —, a força do campo magnético era inferior a um quarto do que é hoje. Esse período apresenta um magnetismo bem semelhante ao de outra época, 120 milhões de anos atrás. Essas datas concordam com a ideia de que existe um ciclo de 200 milhões de anos, e fornecem novas pistas importantes sobre nossa magnetosfera.
Essa compreensão é uma importante peça para entendermos os mecanismos do campo magnético terrestre, importante não só para nos proteger das tempestades solares, como também parece proteger a vida terrestre dos raios UV-B. Um estudo recente sugeriu que a extinção em massa Devoniano-Carbonífera está relacionada a níveis elevados desses raios ultravioleta e coincide com as medições de campo magnético mais fracos do período Dipolo Paleozoico Médio.
Se este ciclo for real e continuar a se repetir, é certo que enfrentaremos uma situação nunca antes vivenciada pela civilização tecnológica. Por isso, os cientistas ainda não têm muita certeza de qual será o efeito do próximo decaimento em nossas tecnologias, já que, na última vez em que isso aconteceu, não tínhamos nenhum dos equipamentos que usamos hoje.
A pesquisa foi publicada no PNAS.
Fonte: University of Liverpool
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