“Emergência climática” parece não fazer parte do vocabulário da Organização Marítima Internacional (OMI). Em uma decisão polêmica, o comitê de proteção do meio ambiente marinho da entidade definiu que a revisão das metas climáticas de transporte marítimo acontecerá apenas em meados de 2023, daqui a um ano e meio. A meta atual da OMI propõe uma redução de 50% das emissões do setor até 2050, um número tido por especialistas como aquém dos objetivos do Acordo de Paris.
No encontro desta semana, o comitê chegou a discutir uma proposta feita pelos pequenos países insulares do Pacífico (Ilhas Marshall, Salomão e Kiribati) para zerar as emissões líquidas do transporte marítimo comercial global até 2050, em linha com as estratégias de descarbonização da economia anunciada por grandes economias nos últimos tempos. No entanto, enquanto países como EUA, Reino Unido, Canadá e Japão sinalizaram apoio à proposta, o grupo das economias emergentes, encabeçado por Índia, China, África do Sul e Turquia, recusou a proposta por motivos de equidade. Para esses países, qualquer estratégia de descarbonização global deste setor precisa refletir o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, e fornecer financiamento para as nações em desenvolvimento.
Ao final, o único acordo possível foi o adiamento dessa definição para 2022, com a eventual adoção apenas no ano seguinte. O resultado frustrou observadores da sociedade civil e especialistas, que criticaram a falta de ambição e de avanços substanciais do setor de transporte marítimo para cortar suas emissões. Estima-se que o setor seja responsável pela liberação de cerca de 1 bilhão de toneladas de CO2e por ano e que, se não houver medidas no sentido contrário, essas emissões podem crescer em até 130% até 2050 em relação aos níveis de 2008.
Climate Home e Guardian repercutiram a decisão da OMI e a frustração da sociedade civil com a demora da entidade e do setor em rever e ampliar a ambição de suas metas climáticas.
Fonte: ClimaInfo
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