A barulheira do governo Bolsonaro em torno da participação do Brasil na COP26 se resume a isto mesmo, barulho. O ruído evidencia o isolamento político nas negociações que começarão na próxima semana em Glasgow.
Como comentou Candido Bracher (ex-Itaú Unibanco) na Folha, a escalada do desmatamento na Amazônia e o desmonte da política ambiental sob Bolsonaro retiraram do Brasil seu “lugar de fala” em temas ambientais. As promessas e compromissos anunciados antes da COP não apagam a ficha corrida do atual governo como um dos maiores destruidores do meio ambiente no mundo atual. Para ele, infelizmente, o Brasil aparecerá em Glasgow “como pária diante do mundo”.
“O Brasil teria muito para contribuir com esses debates, mas Jair Bolsonaro destruiu a credibilidade angariada pela diplomacia e pela banda menos atrasada do setor empresarial em décadas de negociação”, escreveu a Folha em editorial. “Bolsonaro certamente desempenhará mais uma vez o papel de bufão no encontro de cúpula”.
Na Capital Reset, Francisco Gaetani e Roberto Waack (da Concertação pela Amazônia) são mais cautelosos quanto às possibilidades do Brasil na COP26. Eles reconhecem que a atuação recente do país nas negociações “desqualificou o papel do Brasil”, mas entendem que os negociadores brasileiros podem retomar parte do protagonismo perdido nos últimos anos. Um caminho para isso, de acordo com eles, seria dar mais peso à trinca ministério da economia, Banco Central e BNDES, que tentam conter o mal-estar de investidores e empresários internacionais com o desgoverno ambiental brasileiro. Resta saber se a equipe econômica ainda tem algum apito para soprar depois do derretimento político de Paulo Guedes.
Em tempo 1: O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, anunciou na semana passada uma nova parceria com os países amazônicos para proteção da maior floresta tropical do mundo. De acordo com Blinken, o projeto fornecerá informações para empresas para ajudá-las a reduzir sua dependência da destruição florestal. Blinken visitou a região nos últimos dias, mas deixou o Brasil fora de seu roteiro de viagem, mais uma evidência do isolamento do país na arena internacional. No anúncio, o chefe da diplomacia norte-americana destacou iniciativas de outros países amazônicos para preservação florestal. Sobre o Brasil, Blinken não dedicou sequer uma palavra. Deutsche Welle, Metrópoles e O Antagonista deram essa notícia.
Em tempo 2: Bolsonaro caminha para se tornar um dos líderes internacionais com mais processos e ações na justiça internacional por conta de seus desmandos contra o meio ambiente e os Povos Indígenas. Na semana passada, um grupo de entidades da sociedade civil acusou o governo brasileiro de violar os direitos dos defensores do meio ambiente e dos Direitos Humanos na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). “O governo vem retirando direitos e garantias socioambientais, consagrados na Constituição e na Convenção OIT 169, por meio do sucateamento e da militarização de instituições públicas voltadas à defesa do meio ambiente e dos Direitos dos Povos e Comunidades Tradicionais, da alteração e extinção de normas ambientais e conselhos participativos, da omissão na fiscalização e no combate a ilegalidades e crimes e do caráter racista explícito nos discursos e práticas estatais”, diz a acusação. Folha e UOL repercutiram a ação.
Fonte: ClimaInfo
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