Naira Hofmeister abordou na Repórter Brasil a indisposição de grandes produtoras de maquinário pesado em evitar que seus produtos sejam utilizados em atividades ilegais na Amazônia, em especial a extração de ouro pelo garimpo.
Empresas como Caterpillar, Volvo, Komatsu e Hyundai atendem a boa parte da demanda de máquinas para esse tipo de atividade na Amazônia, sem observar qualquer tipo de critério para evitar sua utilização para crimes ambientais na floresta. Muitas dessas empresas, especialmente as multinacionais, possuem compromissos socioambientais, mas fecham os olhos para essa questão.
“Ainda que juridicamente haja um debate a respeito da responsabilidade dos fabricantes, é fato que esses agentes precisam ser chamados a conferir sustentabilidade aos seus negócios, saindo de uma postura de cegueira deliberada e adotando mecanismos mais rigorosos no controle de vendas”, argumentou a procuradora Ana Carolina Haliuc, do Ministério Público Federal (MPF) do Amazonas e coordenadora da força-tarefa Amazônia.
Essa lacuna permite aos garimpeiros a compra ou locação desse maquinário sem qualquer restrição, o que facilita a destruição da floresta. N’O Globo, Pâmela Dias destacou o risco crescente de a 2ª árvore mais alta da Amazônia, um Angelim-vermelho de mais de 85 metros de altura e 500 anos de idade na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru (AP), ser derrubada por causa da atividade garimpeira em seu entorno.
Ainda sobre garimpo, O Globo repercutiu também uma ação da Polícia Federal que desbaratou um esquema de exploração e comércio ilegal de ouro da Terra Indígena Kayapó (PA). De acordo com os investigadores, o grupo criminoso teria retirado quase 1 tonelada de ouro desse território no último ano. Os policiais cumpriram 12 mandados de prisão e 62 de busca e apreensão em cidades no Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia, Roraima, São Paulo e Tocantins.
Enquanto isso, Fabiano Maisonnave e Rosiene Carvalho destacaram na Folha a visita do presidente Bolsonaro a um garimpo ilegal dentro da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR) nesta 3ª feira (26/10). Lideranças indígenas criticaram a passagem de Bolsonaro pela região e apontaram os riscos socioambientais dessa atividade nas comunidades locais. Na visita, o presidente voltou a defender seu projeto para regularização da mineração em Terras Indígenas.
Em tempo: Um plano apresentado pelo governo Bolsonaro para a Terra Indígena Sangradouro (MT) prevê o desmatamento de 11 mil hectares de Cerrado nos próximos dez anos, com o objetivo de abrir espaço para o cultivo de soja, arroz e milho. O documento foi resultado de pressão de fazendeiros da região sobre a FUNAI, com apoio do Palácio do Planalto, que conseguiram convencer parte dos índios Xavante que vivem na reserva a assinar “Termos de Cooperação” com os produtores rurais. Rubens Valente deu mais informações no UOL.
Fonte: ClimaInfo
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