Farid Mendonça Jr.
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Ao se falar em controle populacional, não há como não se lembrar do economista Thomas Malthus e sua teoria sobre controle do aumento populacional, mais conhecida como malthusianismo.
A hipótese levantada pelo economista é de que as populações humanas crescem em progressão geométrica e que os meios de subsistência (comida principalmente) crescem somente em progressão aritmética.
Sendo assim, verifica-se um descompasso ou uma insustentabilidade, haja vista que esta discrepância irá, em algum momento, limitar o crescimento populacional pelo aumento da mortalidade (doenças, epidemias, pandemias) e por todas as restrições ao nascimento, decorrentes da miséria e do vício.
Um dos países que adotou uma política pública para limitar o crescimento populacional foi, ironicamente, a China (origem da atual pandemia) com a famosa política do filho único.
A mencionada política foi lançada pelo governo chinês na década de 1970, e, como o próprio nome diz, limitava o nascimento de um filho por casal. Do contrário, o casal sofreria pesadas multas pelos filhos em excesso.
Com o passar dos anos, a população da China foi envelhecendo, o que poderia afetar a economia devido à escassez a longo prazo de mão de obra. Desta forma, a política foi abandonada em 2013.
Apesar de muitos lugares do mundo (como Estados Unidos e Europa de forma geral) estarem apresentando taxas de fecundação e de nascimentos abaixo da taxa de reposição, ou seja, menos de dois filhos por casal, muitos lugares do planeta ainda apresentam um excesso de nascimentos, contribuindo para a mega população global.
Mesmo que a taxa de nascimentos destes países continuem caindo, o fato é que a população mundial continua aumentando. Hoje já estamos pertos de 8 bilhões de pessoas no mundo todo.
Tal quantidade de seres humanos mostra-se insustentável, seja pela teoria de Malthus, que muitos julgam ultrapassada, seja pelo fator ambiental, que começou a entrar em cena com mais força a partir da década de 1970.
Ao contestar a teoria de Malthus, muitos defendem que o economista não previa o avanço da medicina e da tecnologia, principalmente no aumento da produtividade do campo e um aumento considerável na produção de comida.
Certo! Mas, mesmo com tudo isso, e realmente estes fatores ajudaram a humanidade a atingir o atual nível de população, não foram suficientes para atenuar, diminuir ou estabilizar o impacto do homem sobre a natureza (desmatamentos, poluição do ar, camada de ozônio, gás carbônico na atmosfera, etc.).
E esta revolta da natureza vem em diversas formas (aquecimento global, derretimento das calotas polares, vulcões, terremotos, tsunamis) e também em formas de pandemia.
Precisamente, na relação homens e animais, a quantidade de doenças provenientes dos animais que vem surgindo e afetando o homem são assustadoras. São as chamadas zoonoses e estas patologias vem em diversas formas, muitas já conhecidas e outras nem tanto, tais como: dengue, malária, gripe aviária (H5N1), antraz, febre tifóide, Leishmaniose, doença de chagas, febre amarela, leptospirose, peste bubônica, Febre de Chikungunya, encefalopatia espongiforme bovina (EEB), vulgarmente conhecida como doença da vaca louca, novo coronavirus, o Covid-19, dentre outras.
Mas, mesmo assim, pode-se levantar o argumento de que doenças sempre existiram na história da humanidade e que isso ocorrerá independentemente do número da população. Sim, é verdade, mas não se pode esquecer também que um maior número de pessoas irá desencadear um maior número de doenças, além da tendência de um maior velocidade da mutação destas doenças para uma forma cada vez mais grave, haja vista o maior desequilíbrio que o homem gera na natureza.
Sendo assim, não há mais como fugir do tema e do debate. “O barco está cheio”. É como se fôssemos o Titanic afundando, e os botes para escapar do barco não são suficientes.
Precisamos então de políticas públicas para um maior controle da população. Aqui no Brasil, temos o mundialmente reconhecido programa Bolsa Família, o qual concede uma certa quantidade de dinheiro por filho, desde que esteja na escola e com as vacinas tomadas.
Não será a hora de repensar isso. Já defendi em outro artigo a renda universal básica, para cada pessoa. Ideia que pode ser limitada aos adultos. Mas, na lógica atual do bolsa família, cada filho a mais, desde que cumprida as condições, pode representar um dinheiro a mais para a família, que limitada na educação e nos recursos acaba pensando no curto prazo (ter mais um filho para ter mais renda) do que no longo prazo (um dia o filho cresce e a renda do programa acaba).
Evidente que isso é só um exemplo para o debate no Brasil. O mundo deve estar recheado de exemplos de políticas públicas discutindo soluções para isso. É só encontrar e aperfeiçoar.
Por último, não se pode deixar de mencionar a questão religiosa. O fato da Bíblia no antigo testamento (cristianismo e judaísmo), além de outras religiões, pregar a multiplicação da espécie, fazia sentido num mundo vazio, inóspito. Hoje, atingimos as paredes da terra. O limite já chegou.
Não se trata de querer dar outra interpretação à Bíblia, mas de ver a dura realidade onde estamos.
Ou tomamos as medidas agora ou morreremos pelas catástrofes “apocalípticas”. Devemos ser racionais, afinal estamos falando da nossa sobrevivência.
Farid Mendonça Júnior
Advogado, economista e administrador
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