Paralisia é a palavra que melhor define a gestão Salles no ministério do meio ambiente, o que é evidente na baixíssima execução orçamentária de 2020. Levantamento feito pelo Observatório do Clima (OC) mostrou que o ministério gastou exatos R$ 105.409,00 de 1º de janeiro a 31 de agosto deste ano, o que equivale a míseros 0,4% do orçamento autorizado.
O dinheiro deveria ser usado para financiar a política ambiental, desde ações de combate à mudança do clima, prevenção aos efeitos de desertificação até a proteção da biodiversidade e a promoção da qualidade ambiental urbana. O valor não inclui o pagamento de salários, aposentadorias, aluguéis e outros gastos administrativos da pasta e de suas autarquias.
Essa “filosofia do miserê” tem reflexos imediatos. Segundo a Deutsche Welle, os gastos do governo federal para contratação de profissionais para prevenção e controle de incêndios florestais foram reduzidos em 58% neste ano em comparação com o ano passado, caindo de R$ 23,78 milhões em 2019 para R$ 9,9 milhões em 2020. Isso acontece em meio à pior temporada seca da história recente no Pantanal, que teve cerca de 15% de sua área consumidos pela chamas até agora.
Se o orçamento de 2020 já é baixo, 2021 promete ser ainda mais miserável. Segundo a Folha o orçamento do Ibama para 2021 deve ser 4% menor que o deste ano, baixando para R$ 1,65 bilhão – sendo que quase ⅓ desse valor depende de crédito extra a ser aprovado pelo Congresso. Já no caso do ICMBio, a redução deve ser ainda maior: queda de 12,8%, para R$ 609,1 milhões em 2021, sendo que 43% desta (R$ 260 milhões) serão sujeitos a aval do Legislativo.
Não chega a ser uma surpresa que Salles esteja passando o chapéu na porta do ministério da economia. Em ofício enviado a Paulo Guedes, Salles pediu a liberação de R$ 134 milhões e insinuou que, sem esse dinheiro, as ações federais para combater as queimadas que afligem o Pantanal e a Amazônia poderão ser paralisadas – a mesma ameaça feita no final de agosto, quando ele chegou a anunciar a interrupção do trabalho da pasta por falta de verba.
Correio Braziliense e O Globo falaram do “miserê” ambiental em Brasília. Estadão e Poder360 repercutiram, por sua vez, o pedido de Salles por mais dinheiro.
Em tempo: Na semana passada, Bolsonaro presidente divulgou em suas redes sociais que as Forças Armadas que atuam no combate ao desmatamento na Amazônia teriam aplicado quase R$ 222 milhões em multas. Fake news. Como checado pelo Fakebook.eco, as multas não foram lavradas pelos militares, mas sim pela Coordenadoria de Fiscalização da Flora da Secretaria do Meio Ambiente do Mato Grosso, o que foi confirmado pelo ministério da defesa em nota à imprensa.
Fonte: ClimaInfo
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