Augusto César Barreto Rocha (*)
“Criar as nossas rotas de integração nacional, valorizando o vigor e as possibilidades de cada região, com buscas de inciativas que façam investimento no longo prazo é o único caminho para romper as desigualdades nacionais.”
Continuando reflexão das duas últimas semanas, todo o lugar do mundo hoje pode ser uma colônia. Os eixos globais de desenvolvimento pouco a pouco têm retornado para a Ásia, com a centralidade na China, como num passado nem tão distante assim. A iniciativa chinesa One Belt One Road (BRI) que envolve desenvolvimento de infraestrutura em 70 países, com previsão para conclusão em 2049, faz concretizar decisivamente esta ideia. Tem como base a Rota da Seda e representa a grande oportunidade de o Oriente liderado pela China voltarem a ser a força hegemônica do mundo, por mais que países como o Paquistão tenham reclamado do enorme sobrepreço e práticas inadequadas, os projetos seguem em execução e com boa aceitação nos países.
“Nós contra eles”
Enquanto a China segue seu passo, com um partido único, pouca ou nenhuma oposição, conforme o ponto de vista, retomando a sua ordem em Hong Kong, com o objetivo de eliminar a fome extrema até o final de 2020, cercada por países que não possuem muita atração para a democracia, estamos do lado do Ocidente nos digladiando em um enorme “Nós contra eles”, com base em uma globalização que não está incluindo a sociedade como um todo, conforme analisado por Ian Bremmer (Diretor Presidente da Eurasia), em seu livro de 2018.
As Novas Rotas da Seda trazem grandes oportunidades para o Oriente hoje tal qual trouxeram no passado, para lá mesmo ou para Roma. O estímulo que recebemos aqui é para uma divisão constante, sem união em mínimos consensos. Longe de cogitar um caminho que não seja democrático, mas até por isso mesmo,precisamos rapidamente perceber que a divisão excessiva serve apenas para o interesse estrangeiro, como pouco a pouco os EUA estão percebendo, precisaremos trilhar este caminho mais rapidamente, por meio de ações mais contundentes dos que têm a liberdade e a percepção.
Desigualdades nacionais
Criar as nossas rotas de integração nacional, valorizando o vigor e as possibilidades de cada região, com buscas de inciativas que façam investimento no longo prazo é o único caminho para romper as desigualdades nacionais. Enquanto elas não forem alvo de toda a sociedade, buscando ofertar verdadeiramente oportunidades para todas as pessoas e regiões do país de maneira desigual, onde os favorecidos serão os menos favorecidos pela condição de vida, não sairemos desta rota para o desastre da democracia e da economia. A transcendência da condição que temos se dará pelo rompimento de problemas históricos associados com uma falta de execução e continuidade de planos e não pela ausência deles.
Seguimos sendo a colônia
Onde estão as colônias de hoje? Se você se pergunta isso neste ponto, é porque a colônia está contigo. Seguimos sendo a colônia. Enquanto isso não nos inquietar será difícil mudar a realidade. Para deixar o incômodo com o leitor, alerto que a Holanda, com seus 17 milhões de habitantes, com área inferior ao Rio de Janeiro, com expressiva parte do território abaixo do nível do mar, tomou do Brasil a segunda posição de maior exportador de alimentos, com produtividade de seu agronegócio cinco vezes superior ao restante da Europa. Continuaremos as reflexões para a superação deste desafio no próximo texto.
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