Entrevista com Roberto Garcia – FPF Tech (*)
A Fundação Paulo Feitoza, há mais de duas décadas, sem alarde nem pirotecnia, começou a implantar as bases e as conexões da Indústria 4.0 em Manaus. De concreto, seus engenheiros e analistas foram construindo um portfólio de respeitável envergadura digital colocado a serviço das empresas do Polo Industrial de Manaus. Ali, o conceito de inovação que cria novas respostas para velhos problemas, foi levado ao pé da letra. Uma das grandes empresas de Informática e Eletrodomésticos, em Manaus, contratou a FPF para montar um Laboratório de Robótica para treinar seus colaboradores. “Somos capazes de reduzir custos e ampliar as oportunidades”, diz Roberto Garcia, Diretor de Projetos e Desenvolvimento de Negócios. Confira.
1. BrasilAmazoniaAgora – Em clima de Indústria 4.0 quais são as mudanças, planos e metas da FPF, Fundação Paulo Feitoza, para o “novo normal” a partir de agora?
Roberto Garcia – Há 23 anos a Fundação Paulo Feitoza Tech se prepara para oferecer respostas e produtos no universo digital. Somos uma empresa que “ já vive e respira” tecnologia digital e inovação. Desde o começo da Pandemia, não interrompemos a Agenda de atividades. Dos aproximadamente 230 profissionais, na sua maioria “caboclos da terra com muito orgulho”, por volta de 85% continuaram a desenvolver seus projetos em regime de “home office” sem prejuízo das entregas. O restante dos profissionais, formados quase todos por nossos Engenheiros, continuou trabalhando nas fábricas, naquelas que não paralisaram suas operações, entregando os projetos voltados à Industria 4.0. (Instalação de robôs, linhas de montagem, câmeras, sensores de monitoramento, montagem de laboratório de capacitação em robótica nas empresas, entre outras iniciativas). Nosso “novo normal” continuará sendo em um regime hibrido de trabalho, com a maioria do pessoal em home office e o restante nas instalações privilegiadas do nosso CTI e/ou nas instalações dos clientes, sempre que isso for necessário. Indústria 4.0 é uma realidade consolidada no Polo Industrial de Manaus.
2. BAA – Olhando os riscos de novas e eventuais quebras da cadeia global(asiática) de suprimentos, como você enxerga o futuro do Polo Industrial de Manaus considerando as demandas e avanços tecnológicas e operacionais provocados pela pandemia?
R.G – A descontinuidade temporária de fornecimento de suprimentos para o PIM em função da pandemia do COVID -19, acendeu um sinal vermelho para nós e para o resto do mundo de que é necessário e estratégico diminuir a dependência externa de insumos, principalmente dos fornecedores asiáticos. Isto abre um leque de oportunidades para que as Indústrias voltem a investir nos componentistas locais gerando empregos, renda, capacitações e investimentos importantes para a retomada da economia.
Como visão de futuro considero importante primeiro fortalecer as matrizes atuais que sustentam o modelo exitoso da ZFM para financiar o processo de transição na geração de novos negócios/ matrizes econômicas advindos da pesquisa e desenvolvimento tecnológico e aproveitamento das riquezas regionais naturais locais, preservando este imenso patrimônio. Áreas como agricultura de precisão – ($ 4,5 bi em 2020) Biotecnologia genômica, Nanotecnologia, Automação e robótica para digitalização do campo, por exemplo, ainda tem grande potencial de desenvolvimento já que ainda são pouco exploradas aqui no Amazonas. Tecnologias capazes de reduzir custos e expandir as oportunidades de penetração do produto nacional no exterior também são essenciais para essa estratégia, considerando a desvalorização da moeda local o que torna os nossos produtos mais competitivos para exportação.
A produção industrial deverá ser mais limpa. Já estamos vivenciando uma pressão econômica mundial de restrições comerciais que favorecerão desenvolvimento de tecnologias não poluentes e crescente demanda por novas tecnologias de controle ambiental.
É de extrema importância que os investimentos em tecnologia e inovação sejam as prioridades entre o rol de necessidades a serem transpostas pelas empresas brasileiras no curto prazo. A FPF Tech vem atuando para ser protagonista neste processo de transformação digital procurando trabalhar e disseminar as tecnologias de ponta que estão à frente destes processos de transformação e de como a indústria pode incorporar esses novos elementos para buscar responder a esse novo mundo digital. A transformação necessita ser tratada como prioridade e envolver toda a cadeia de fornecedores e parceiros.
3. BAA – Ensaia-se no Comitê Indústria ZFM COVID-19 um conjunto de formatações institucionais no pós-pandemia, entre elas, uma proposta participativa na gestão dos fundos e contribuições da indústria. Os institutos de pesquisa e inovação foram mobilizados? Poderiam ser? Existe à disposição para formatar em conjunto um rol de prioridades/necessidades/oportunidades de mercado?
R.G. – Existe uma grande mobilização dos ICTs locais, da Academia e todos os entes ligados ao desenvolvimento do ecossistema de P&D&I em trabalhar em forte sinergia com as entidades como FIEAM, CIEAM, Eletros e Suframa. Isto acontece por exemplo através da Coordenadoria de CT&I, onde atuo como Diretor Adjunto, e que é composta por profissionais notáveis e com destacada contribuição voluntária na estruturação do ecossistema local de tecnologia. Este processo também se acelerou nos últimos anos com a maior priorização do Governo Federal, Estadual e Prefeitura com as iniciativas de P&D&I. Também estamos trabalhando com maior governança e sinergia de atuação como decorrência da formalização como entidade da APDM – Associação do Polo Digital de Manaus.
Aos moldes das discussões sobre os possíveis impactos da reforma tributária que vem acontecendo nas reuniões do Comitê da Industria da ZFM, a APDM também criou um fórum de discussão com o mesmo intuito, mas com foco na avaliação dos impactos destas mudanças sobre os recursos que financiam os projetos de P&D&I. A ideia é de que assim que tivermos um documento consensado e formatado deste estudo, o incorporar ao da indústria para atuar em sinergia de propósitos
4. BAA – Tentamos juntos aproximar FPF CBA para mapeamento de interesses e eventuais parcerias. Este caminho faz sentido? Precisamos trabalhar em redes de pesquisa e intervenção?
R.G. – A pratica operacional da FPF Tech ao longo de sua existência de mais de 23 anos sempre foi de atuar em parceria com as entidades de P&D&I e com a Academia. Já tivemos em um passado recente uma tentativa de atuar em forte sinergia com o CBA que acabou não indo adiante em função dos percalços e dificuldades de formalização deste importante centro de pesquisa. Além disto também temos vários acordos de cooperação tecnológica formalizados com fornecedores de tecnologia de ponta em equipamentos utilizados na integração das soluções voltadas à Industria 4.0 como SCHNEIDER, FANUC, National Instruments, All Set Tech, JAV, Keyence entre outros. Também nos orgulha muito o credenciamento como coordenadores locais do Programa de Capacitação para Exportação – PEIEX liderado pela APEX Brasil.
5. BAA – Quais são os avanços e gargalos da FPF Tech para inserir mais amplamente o Polo Industrial de Manaus nas ondas digitais da indústria 4.0 …
R.G. – A FPF Tech Atua no mercado de tecnologia, em Manaus, há mais de 23 anos, em estreita cooperação com Universidades e sinergia com várias unidades de negócios. Investimos continuamente na formação técnico-científica de nossos colaboradores, estudantes e profissionais do mercado, o que aumenta as oportunidades de geração de valor aos nossos clientes.A FPF Tech é um lugar de inovação, dedicação e qualidade, por isso aqui levamos a sério suas ideias.Nosso diferencial competitivo são as competências que fazem parte do nosso DNA:
- Industria 4.0 (Implementação de Projetos e Programa de Capacitação)
- Desenvolvimento de Software e Hardware
- Pesquisa Operacional
- Inteligência Artificial
- Realidade Aumentada
- Segurança Cibernética
- Internet das Coisas
- Cloud Computing
- Lean Manufacturing
- Design Thinking
- Big Data
- Scrum, Kanban, Lean Startup
A Indústria 4.0 é um novo conceito, mas para a FPF Tech já era uma realidade há bastante tempo. Este conceito já vem mudando no mundo a forma como lidamos hoje com a produção de bens de consumo e materiais. A evolução é inevitável e ficar parado não é uma opção. Temos inúmeros casos locais de empresas globais que fecharam suas portas por perda de competitividade para seus concorrentes ou para plantas do grupo fora de Manaus, com menor custo operacional. (NOKIA, SIEMENS, PHILIPS, SONY,…..)Temos vários projetos que já implantamos ou que estão em andamento nas empresas locais que estão investindo para alcançar o nível de maturidade da indústria 4.0.
Roberto Garcia (*) Empresário Diretor de Projetos e Des. De negócios da FPF TECH, Diretor Adjunto da Coordenadoria de CT&I da FIEAM + CIEAM e Membro do CAPDA/Suframa
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