“Uma coleção de startups, com alocação de investimentos privados para a exploração responsável do bioma da região precisa ser realizada, com a junção de empresas farmacêuticas do mundo com capital e conhecimentos locais.”
Augusto Cesar Barreto Rocha
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As falhas de mercado estão por toda a parte. Entretanto, poucas delas são corrigidas e levam a preocupações locais, nacionais ou globais. No Brasil estamos cheios de situações onde a alocação de bens e serviços não é eficiente. A Amazônia é percebida claramente como um celeiro de possibilidades. Ou, como asseverou o Alfredo Lopes dias atrás, é um grande “almoxarifado”. Adiciono que está sem chave, sem muros e sem cuidado, nos fundos do terreno.
Perceber a região desta forma desleixada, com potencial para excessos de possibilidades de oferta, onde se prefere tocar fogo ao invés de fazer uso racional dos recursos, causa indignação ampla. Como não causar? Afinal, é diferente de tocar fogo no café produzido ou fechar fábricas de alumínio para reduzir ofertas. Ninguém aprecia dinheiro sendo queimado, pois, geralmente, as pessoas querem ganhar mais dinheiro.
O que queremos?
Com a recente oferta do presidente dos EUA para comprar a Groelândia, por conta das terras raras e outras riquezas que estão por lá, com seus 56 mil habitantes e pouco mais de 2 milhões de km2, fica fácil entender o porquê dos olhares de espanto e interesse se voltam para cá, quando nós mesmos criamos manchetes negativas. A Groelândia aproveitou o momento e está formado um movimento para rediscutir sua relação com a Dinamarca e multiplicam-se ações para atrair investimentos para lá.
Por aqui, com nossos milhões de habitantes ainda não conseguimos nos articular minimamente: afinal, o que queremos? O que mais se vê por aqui são pessoas dizendo que queimadas são normais. Ora, não há como afirmar que queimadas são normais, mesmo que saibamos que nem todas as queimadas são para destruir a floresta, mas também há aquelas para trocar a plantação.
Seguindo o bom exemplo dos inuits, nossa pauta deveria ser outras: o que nós queremos? Não nos perguntarão. Impérios não perguntam. Os opressores internos ou externos sempre tentarão impor suas visões, sem questionar. A questão é: o que nós queremos? Quando começaremos o nosso movimento para declarar em alto e bom tom para o planeta o que queremos? Começarei aqui uma lista para inspirar os formadores de opinião de nossas planícies.
Prisioneiros da própria riqueza
Continuamos precisando de tratamento desigual nos tributos e nos investimentos, porque não somos iguais ao restante do Brasil. Há uma falha histórica na infraestrutura da região. Exigimos que 2,5% de nosso PIB seja investido ano após ano para corrigir nossas falhas de infraestrutura. Não há portos suficientes, não há estradas suficientes, não há aeroportos suficientes. Não temos infraestrutura compatível com a nossa grandiosidade.
Enquanto formos tratados como brasileiros de terceira classe no que diz respeito às condições de fatores que constroem uma economia produtiva, será impossível produzir riquezas por aqui. Não podemos queimar nossos almoxarifados ou nossos colchões. Somos quase prisioneiros de nossas riquezas. Precisamos de possibilidades de produzir riquezas em todas as regiões: Liberdade.
Enquanto não houver liberdade para a produção de riquezas da região, por atores e moradores da região, não haverá massa intelectual ou empresarial local com capacidade de decidir o presente e o futuro. Teremos sempre uma massa de estrangeiros que se apropriarão dos recursos locais, como já é quase uma tradição nacional.
Atração de inteligências e empreendimentos
Ciência, com tecnologia e com produção nos diversos ambientes acadêmicos e empresariais. Uma coleção de startups, com alocação de investimentos privados para a exploração responsável do bioma da região precisa ser realizada, com a junção de empresas farmacêuticas do mundo com capital e conhecimentos locais.
Estamos em um momento oportuno, pois o mundo vive um apocalipse dos antibióticos. Apenas para colocar um exemplo: o financiador líder é a Carb-X, uma organização sem fins lucrativos global sediada na Universidade de Boston. A empresa está investindo mais de US$ 500 milhões, fornecidos por fontes públicas e filantrópicas entre 2016 e 2021, para levar projetos para a primeira etapa de testes clínicos. O portfólio Carb-X já inclui 29 projetos em cinco países, com o objetivo simples de “acelerar o desenvolvimento de produtos que salvam vidas na luta contra as superbactérias”, como noticiado no Financial Times do dia 31/08. Por que não temos empresas semelhantes produzindo em nosso território?
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