Ao invés de intensificar as ações de proteção ambiental na Amazônia, o governo federal avança em um projeto que pode fazer o exato contrário. Como informou André Borges no Estadão, o ministério de infraestrutura está analisando a abertura de uma nova rodovia no coração da Amazônia, passando por cima do Parque Nacional da Serra do Divisor, na fronteira com o Peru. A ideia é ligar o município de Cruzeiro do Sul (AC) à cidade peruana de Pucallpa, em um trajeto de 152 quilômetros. A rota, segundo o governo, facilitaria o escoamento da produção agrícola brasileira para o Oceano Pacífico; no entanto, isso seria feito ao custo de um impacto ambiental considerável em uma área de proteção ambiental integral, que proíbe qualquer tipo de obra.
Ao mesmo tempo, um levantamento recente sobre o progresso da Declaração das Florestas de Nova York indicou que novos projetos de corredores logísticos na Amazônia podem resultar no desmatamento adicional de 2,4 milhões de hectares na Bolívia, Brasil, Colômbia, Peru e Equador nas próximas duas décadas. O documento estima que obras de infraestrutura representem diretamente entre 9% e 17% do desmatamento em países tropicais e subtropicais, com impactos secundários associados à especulação imobiliária às margens das rodovias. A Reuters repercutiu os dados.
Em tempo: O governo Bolsonaro segue pressionando pela repavimentação da BR-319, obra que causa um cabo-de-guerra entre o ministério de infraestrutura e o Ministério Público Federal (MPF). O Eco destacou a situação do projeto, com a União passando por cima de exigências legais de consulta a comunidades indígenas do entorno e atuando intensamente para viabilizar a conclusão da pavimentação até 2022 – prazo tido como ambicioso dada a complexidade jurídica e prática da obra.
Fonte: ClimaInfo
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