Na reunião virtual dos BRICS de 3ª feira, Bolsonaro partiu para o ataque, dizendo que países que criticam o desmatamento compram madeira ilegal vinda da Amazônia. Uma saraivada de críticas à fala veio ontem à tona.
O Presidente da Associação de Exportadores de Madeira do Estado do Pará, Roberto Pupo, disse à Folha que “a Polícia Federal está com esse relatório desde 2018, 2019 e agora, quase dois anos depois, eles vêm falar disso? (…) E o Bolsonaro, gaiato, pegou e soltou essa bomba. Vai ser um tiro no pé e vai atrapalhar muito o comércio de madeira (legal) internacional”. Os compradores (e não países) poderão questionar se a documentação do Brasil é confiável.
Para Miriam Leitão, d’O Globo, a fala do presidente mostra que o governo não consegue fazer cumprir as leis e lembra que 80% da madeira que sai da Amazônia é vendida no mercado interno. “Bolsonaro deu mais uma demonstração ontem de que não entende em que mundo está, quais são as vantagens do Brasil, e até o que se passa no país que governa.”
Bruno Boghossian, na Folha, foi na mesma linha, fechando assim a matéria: “O presidente, porém, já deixou claro que seu desejo é apenas neutralizar as pressões internacionais sobre o governo. A incompetência e a falta de vontade de agir continuam evidentes.”.
Em junho, um grupo de organizações entrou na Justiça contra um ato do presidente do Ibama, Eduardo Bim, que autorizou a saída de madeira do país dizendo que a fiscalização quanto à origem poderia ser feita posteriormente. Uma matéria d’O Globo explica que Bim tomou essa decisão a pedido das madeireiras.
O El País trouxe a palavra de Oliver Stuenkel, da FGV, que apontou outra fraqueza na fala de Bolsonaro: “Bolsonaro fala como se, por exemplo, uma empresa X da França que comprou o material ilegal, representasse o governo francês. Vejo mais um discurso para mobilizar a base local no Brasil”. Ou talvez o presidente entenda que o pessoal que derrubou ilegalmente a madeira e que a exportou represente bem o país dele. O procurador Leonardo Galiano, responsável pela operação Arquimedes, confirmou esse raciocínio ao Estadão: “Não é um país comprando de outro país. É a empresa que vai fabricar móveis, pisos e acaba adquirindo esse insumo.”
Em tempo: Por falar em crimes que compensam e impactam o meio ambiente, o pessoal d’O Eco conta que Cláudio Castro, o governador em exercício do Rio de Janeiro, nomeou o PM Rodrigo Boaventura como superintendente de Combate aos Crimes Ambientais da Secretaria Estadual de Ambiente e Sustentabilidade. Detalhe: ele é réu em um dos processos por homicídio mais famosos do Rio: o assassinato de Cláudia Silva Ferreira, baleada por policiais com dois tiros, um no pescoço e outro nas costas, e que teve o corpo arrastado por 350 metros depois que o porta-malas da viatura onde foi colocado, se abriu.
Fonte: ClimaInfo
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