Sandro Breval (*) [email protected]
Eu conheço várias empresas que estão buscando descobrir o estágio atual em que se encontram Indústria 4.0, possíveis trilhas, bem como novos reposicionamentos digitais. E isso é bom, pois dinamiza o mercado da transformação digital e renova as empresas para encarar a Quarta Revolução Industrial. Guimarães Rosa já dizia ““As coisas mudam no devagar depressa dos tempos”, e já temos fortes sinais.
Mapeamento de estratégias e objetivos
Os sinais são sentidos em diversas dimensões empresariais – manufatura, modelo de negócios, logística – e cabe ao gestor entendê-los e traduzi-los para o resto da organização. O fato é que precisamos de uma bússola, de um plano ou de um roadmap. Este último muito frequente nos estudos desta nova era digital. O roadmap é uma abordagem utilizada para a identificação, definição e mapeamento das estratégias, objetivos e ações relacionados com a inovação em uma organização ou negócio. Em geral, têm-se o tempo como balizador (curto, médio e longo prazo) e as tecnologias , produtos/serviços e mercados que deslizam sobre a trilha do processo evolutivo , que no caso da indústria 4.0 podem ser os avanços tecnológicos e seus impactos na manufatura e na empresa.
Investimento, capacitação e mercado
Um aspecto importante é que o roadmap garante um alinhamento entre os investimentos em tecnologias e o desenvolvimento de novas capacidades que resultem em aumento na criação ou geração de valor para o negócio. Temos os recursos do P&D que podem subsidiar tais experimentos e contribuir para novas rotas de desenvolvimento no Polo Industrial de Manaus. De certo, a complexidade da gestão tecnológica alavanca a necessidade da efetiva identificação, seleção, aquisição, desenvolvimento e proteção das tecnologias -produto , processo e infraestrutura – para que os impactos no modelo de negócios sejam efetivos. Ou seja, o roadmap pode ser entendido como uma visão prospectiva de futuro, baseada em conhecimento de especialistas. Aqueles que conhecem a mata. Cabe ao gestor criar os vínculos existentes entre objetivos estratégicos e os ativos tecnológicos, para que produzam os efeitos de mudança pretendidos para um novo estágio empresarial e tecnológico.
Maturação e direcionamento
Porém, vale o registro que o desenvolvimento de tecnologias possui um caráter exploratório, dinâmico, cercado de incertezas e marcado por longos prazos, já que mudanças tecnológicas ou inovações envolvem mudanças profundas da antiga rotina. Portanto, sem um direcionamento o risco de baixos resultados será muito maior e com consequências mercadológicas inevitáveis. Vejo um crescimento, e amadurecimento, de um ecossistema de inovação no âmbito do Polo Industrial de Manaus. De um lado as empresas com incertezas e necessidades de entender essa nova trilha, e de outro as inteligências disponíveis (academia, institutos de pesquisa e etc). Precisamos conectar e gerar valor.
Impacto na gestão, produção e lucro
A percepção comum , entre os atores da inovação, é que o processo de mudança está iniciando lentamente , mas com profundos impactos na forma de gerir, de produzir e dar lucro. Alguns caminhos que podemos trilhar : buscar identificar o grau de maturidade e prontidão da indústria 4.0, desenvolver inteligências internas, avaliar os processos que geram valor e introduzir a tecnologia para ampliá-los, e sobretudo um alinhamento estratégico. Imagine que estamos no meio da mata , fechada, amazônica, tropical, difícil acesso. Tal cenário lembra um livro , de 2008, de Martin Ford entitulado “Luzes no fim do túnel: automação, aceleração da tecnologia e a economia do futuro” , no qual comenta os avanços tecnológicos e a rapidez que as mudanças ocorrem, principalmente na duplicação sistemática na capacidade de processamento dos computadores e como isso afetaria o mercado de trabalho. Precisamos mudar depressa no devagar da Floresta.
(*) Professor da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), Pós-doutoramento em Engenharia e Gestão Industrial pela Universidade do Porto e Doutor em Engenharia de Produção pela UFSC, Universidade Federal de Santa Catarina. Diretor Adjunto da FIEAM, Federação das Indústrias do Estado do Amazonas.
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