Por Augusto César
Estamos em um momento confuso. Não conseguimos perceber clareza em relação ao que é prioridade para o Amazonas. Quais são as prioridades atuais? Há no ar a sensação que tudo é prioridade e o problema é que quando tudo é prioridade, em verdade, não existe prioridade. Por exemplo, o FTI – Fundo de Fomento ao Turismo, Infraestrutura, Serviços e Interiorização do Desenvolvimento do Amazonas, não vem sendo usado para seu fim. Não que isso seja um problema de hoje, afinal é um problema histórico.
Se fosse usado para um propósito específico, há alguma unanimidade para ele? Não percebo que tenhamos uma prioridade. É como se vivêssemos em uma eterna crise de identidade. Há um certo consenso que o turismo deveria ser uma prioridade. Contudo, o fundo criado para este fim não aloca recursos para o turismo. Será então que isso é realmente uma prioridade para o crescimento econômico do Amazonas?
Com relação às infraestruturas para o turismo, como hotéis. Qual a cartilha para facilitar a abertura de hotéis na capital ou no interior? Há uma prescrição sobre qual a trilha a ser seguida para empresários do mundo abrirem empreendimentos no Amazonas? O que nos falta para que esta trilha seja definida? Por que ainda não há um Manual para Empreendimentos Hoteleiros no Amazonas? Este documento já deveria existir, esclarecendo e facilitando este percurso na capital e no interior, estimulando empreendimentos de todos os portes em algumas localidades e tornando-os claramente impossíveis em outras.
Isso não é muito diferente para o pescado ou qualquer outra atividade específica onde, acredita-se de maneira ampla, que seja a prioridade para o Amazonas. Esclarecer como fazer a atividade econômica, dando liberdade de ação dentro daqueles limites é uma necessidade para nosso Estado. Sempre que tenho diálogos com algum empresário ou gestor do setor de turismo sinto algum tipo de inquietação regulatória. Já deveria ter havido esta simplificação. Isso sem falar na questão fundamental da criação de atrações para que mais pessoas venham para o Amazonas.
Há aqui tantas atrações em torno do turismo e do pescado que é incompreensível as razões de estes dois setores ainda não representarem uma parcela expressiva da economia do Amazonas. Até quando falaremos de potenciais nestes campos? O que falta para existir uma orientação sobre como fazer, onde fazer e um apoio por meio da liberdade para fazer? Não são necessários muitos recursos para isso. Entretanto, é necessário adotar métodos que agilizem o ciclo do projeto até a execução, do rascunho até a atividade produtiva e legal.
Enquanto as regras e o licenciamento para empreendimento forem pouco claros, com vários prazos indefinidos, sem os recursos legais alocados para o fim ao qual se planejou o uso, seguiremos deste jeito, como o Estado do futuro, com grandes potenciais e sem realizações. A ausência de portos para embarcações ou ônibus turísticos também é outro problema. Onde estão as rotas para os turistas conhecerem com barcos de pequeno porte no entorno de Manaus, Manacapuru ou Novo Airão? Se fossem definidos roteiros, frequências e atrativos no entorno destes três municípios, haveria a possiblidade de diversos empreendimentos se instalarem neste fluxo.
Atrair turistas locais é o primeiro desafio. Enquanto não atrairmos moradores de Manaus, será pouco provável que sejamos atrativos para outros brasileiros ou para estrangeiros. Para cada polo de turismo, independentemente de seu porte, haverá um conjunto expressivo de outros negócios, como restaurantes, locais de visitação etc. A hora de criar estes roteiros já passou, mas nunca será tarde. Quem sabe entrar para a história como autor deste tipo de projeto seja um bom motivador para os planejadores estaduais e municipais.
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