No Brasil, cerca de 2,1 milhões de crianças e adolescentes de até 19 anos sofrem com a falta de acesso adequado à água potável, conforme revelado em um relatório divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nesta quinta-feira, 21 de março, véspera do Dia Mundial da Água.
O estudo, baseado no Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), destaca uma disparidade racial significativa: 4,7% dos jovens negros enfrentam essa realidade, taxa que é o dobro da observada entre os brancos (2,2%).
A situação é ainda mais crítica entre as crianças e adolescentes indígenas, com um percentual alarmante de 25% sem acesso a água adequada, 11 vezes maior do que o registrado para brancos. Os 15 estados brasileiros com os maiores índices de jovens afetados se encontram nas regiões Norte e Nordeste.
Adicionalmente, dados do Censo Escolar de 2023 indicam que 1,2 milhão de estudantes frequentam 7,5 mil escolas públicas desprovidas de água potável. Dentro desse grupo, 184 mil crianças estão em 2,7 mil escolas onde sequer existe acesso à água.
O Unicef alerta para as graves consequências do acesso inadequado à água, que pode comprometer o desenvolvimento infantil e juvenil, aumentando o risco de doenças, evasão e atraso escolar, além de exacerbar as desigualdades sociais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia relatado em 2016 que a diarreia, frequentemente associada à má qualidade da água, é responsável por 20% das mortes de crianças menores de cinco anos globalmente. Um estudo de 2022 da Fundação Oswaldo Cruz apontou que crianças indígenas apresentam uma probabilidade 14 vezes maior de morrer por diarreia em comparação com outros grupos.
Para enfrentar essa crise, o Unicef recomenda a priorização de investimentos no setor de água e saneamento, ampliação dos serviços de acesso à água potável e enfoque nas comunidades mais vulneráveis em programas de água, saneamento e higiene.
A entidade também apoia a aprovação do Projeto de Lei 5696/23, em tramitação no Congresso Nacional, que visa garantir o fornecimento de água potável nas instituições educacionais, atualmente sob análise das comissões de Educação, Finanças e Tributação, além de Constituição, Justiça e Cidadania.
*Com informações Agência Brasil
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