No próximo dia 25 de maio, a Terra Indígena Yanomami completará 30 anos desde sua homologação pelo governo federal. Com uma área equivalente à de Portugal, localizada entre Roraima e Amazonas, a reserva é uma das maiores do Brasil e, ao mesmo tempo, uma das mais vulneráveis à ação de invasores, que adentram cada vez mais no território em busca de ouro. Um levantamento feito pela Hutukara Associação Yanomami mostrou que a atividade garimpeira aumentou 46% em 2021 na comparação com o ano anterior. Desde 2016, o garimpo cresceu 3.350% na Terra Yanomami, reflexo do desmonte das políticas federais de proteção ambiental e indígena.
De acordo com o relatório, mais da metade (56%) da população indígena na Terra Yanomami está sendo afetada pelo garimpo ilegal – cerca de 16 mil pessoas em 273 comunidades. Além de episódios de violência contra indígenas, registrou-se também um aumento nos casos de malária e outras doenças infectocontagiosas. Para piorar, em algumas situações, as equipes de saúde indígena não conseguem chegar às comunidades afetadas por causa das ameaças de garimpeiros que circundam as aldeias. Outro problema é a explosão nos registros de abuso e violência sexual contra mulheres e crianças Yanomamis pelos garimpeiros. Como destacado ontem aqui, o relatório trouxe relatos de mulheres que foram forçadas a se prostituir em troca de comida.
“O governo precisa avaliar suas ações, pois muitas operações de combate ao garimpo não surtiram efeito”, observou Dario Kopenawa, líder Yanomami e vice-presidente da Hutukara. “Esse documento mostra a realidade que estamos vivendo e suas consequências, de muita violência e vulnerabilidade. O meu povo está sofrendo. Pedimos o apoio da população para se unir ao nosso grito de socorro para a retirada imediata dos garimpeiros de nosso território”. O Globo e Valor repercutiram essas informações.
Em tempo: A Justiça Federal do Mato Grosso aceitou a denúncia do Ministério Público Federal contra o coordenador da FUNAI no estado, Jussielson Gonçalves Silva, e outros dois ex-servidores do órgão, Gerrard Maximiliano Rodrigues e Enoque Bento de Souza, acusados de liderar um esquema de arrendamento ilegal de áreas na Terra Indígenas Marãiwatsédé. Ex-militares, os três acusados estão presos desde o mês passado e responderão por integrar milícia privada, sequestro qualificado, abuso de autoridade, peculato, favorecimento de pessoa, usurpação de função pública na forma qualificada, porte ilegal de arma de fogo e estelionato. O g1 deu mais detalhes.
Fonte: Clima Info
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