Retail
sexta-feira, agosto 12, 2022
  • Inicial
  • Amazônia
  • ZFM
  • Economia e Política
    • Bioeconomia
    • Economia
    • Desenvolvimento regional
    • Infraestrutura
    • Piscicultura
  • Agricultura
  • Meio ambiente
    • Sustentabilidade
  • Saúde
  • BAA TV
  • Ciência
  • Glossário
Sem resultados
Visualizar todos os resultados
Brasil Amazônia Agora
Sem resultados
Visualizar todos os resultados

Subsecretário de clima desinforma sobre NDC

brasilamaz Publicado por brasilamaz
14/04/2022
em Meio ambiente
Subsecretário de clima desinforma sobre NDC
78
Visualizações

Texto traz confusões conceituais e ataques “ad hominem”, ao gosto do ex-ministro demitido

Em geral, a gente tem mais o que fazer do que verificar o que diz o sub do sub do governo. Mas o artigo que o secretário adjunto de Clima do Ministério do Meio Ambiente, Marcelo Donnini Freire, publicou em seu perfil no Linkedin sobre a atualização da NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) brasileira é um chamado irresistível. Ele promete uma “visão realmente técnica, séria e pautada na ciência” a respeito da meta climática do Brasil. Hm.

Leia também

“Hoje, capital e trabalho se juntam em defesa da democracia”, diz José Carlos Dias

Amazonas tem seis das dez unidades de conservação mais ameaçadas do bioma

A equipe do Fakebook.eco dissecou o texto do subsecretário e encontrou o mesmo tipo de argumentação esgrimido por outros personagens do governo Bolsonaro, como o ex-ministro do Meio Ambiente: uma mistura de paranoia e mistificação, parafraseando Monteiro Lobato. Leia abaixo o artigo, comentado ponto a ponto.

PUBLICIDADE
“Recentemente a UNFCCC publicou sem qualquer questionamento a NDC brasileira que reflete o aumento de ambição em relação à anterior.” 

É um truísmo dizer que a UNFCCC não fez questionamentos em relação à NDC brasileira. O órgão de clima da ONU recepciona e publica em seu registro das NDCs as metas de todos os países, da mais ambiciosa (Marrocos) à mais ofensiva (Rússia), sem questionar ou apontar o dedo para nenhuma – afinal, as contribuições são nacionalmente determinadas. O Acordo de Paris prevê que as avaliações da UNFCCC sobre a suficiência ou não das NDCs sejam feitas no agregado, justamente para não expor país nenhum.

A afirmação de que a NDC “reflete aumento de ambição em relação à anterior” é verdadeira, mas apenas se comparada à primeira atualização da NDC, apresentada em 2020 pelo próprio governo de Jair Bolsonaro. O que o secretário adjunto não disse foi que a nova meta ainda é menos ambiciosa do que a submetida originalmente pelo Brasil em 2015, quando o Acordo de Paris foi adotado. Portanto, o país segue violando o tratado do clima, segundo o qual novas NDCs não podem recuar na ambição.

“O Governo Federal aumentou de 43% para 50% a meta de 2030 e acrescentou a neutralidade climática em 2050, conforme compromisso assumido em Glasgow. Utilizou como base a 4° comunicação nacional, a melhor ciência disponível e atual na data, conforme as orientações do Acordo do Clima.”

Acrescentar o compromisso de neutralidade em 2050 à NDC é melhor que apenas fiar-se numa declaração de Jair Bolsonaro, como era o caso até agora. Mas a NDC não é o lugar de fazer promessas para 2050. Como dita o parágrafo 35 da decisão 1/CP.21, que adotou o Acordo de Paris, cada nação foi convidada a apresentar até 2020 uma estratégia de longo prazo, com planos de desenvolvimento de baixo carbono para o meio do século. O plano de longo prazo não se confunde com a NDC e a fixação de uma meta para 2050 na NDC, a rigor, não tem valor algum para julgar a ambição da NDC, que é um compromisso para 2030. Até a presente data, o Brasil não comunicou à UNFCCC sua estratégia de longo prazo.

“Constatei que aqui internamente temos alguns “especialistas” em clima, que dizem defender a ciência e serem ambientalistas, falando mal do país e alardeando uma suposta pedalada climática na nova NDC. Tal postura apenas testemunha o quanto tais “especialistas” são na verdade militantes partidários que colocam seus interesses pessoais e polarizados na frente dos interesses maiores da Nação, do meio ambiente, da ciência e da coerência metodológica. É apenas um atestado público de ausência de independência e seriedade técnica e que é utilizado reiteradamente para tentar lesar a imagem do País, induzindo ao erro o leitor leigo ou pouco familiarizado com o tema.”

Aqui o subsecretário comete a conhecida falácia do ataque ad hominem, um clássico da erística bolsonarista. Essa tática retórica consiste em desqualificar a pessoa do oponente em vez de seu argumento, chamando-o de “bobo”, “feio” ou, o preferido do ex-ministro Ricardo Salles, “militante partidário”.

“Consideremos agora também alguns aspectos:
– Nossa NDC é estabelecida em termos percentuais em relação ao ano base de 2005;
– É do tipo Economy Wide (para o conjunto da economia);
– Estabelece claramente um aumento de ambição de 43% para 50% de redução em 2030;
– Estabelece objetivo de neutralidade em 2050;”

Donnini Freire mais uma vez mistura banana (NDC) com laranja (neutralidade em 2050). E mais uma vez distorce o argumento da ambição: a “pedalada de carbono” apontada por ambientalistas, acadêmicos e pelo próprio Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente se refere à mudança de linha de base feita entre a NDC original, em 2015, e a sua primeira atualização, em 2020 – e não à mudança realizada entre esta e a segunda atualização, neste ano.

“– Qualquer pessoa que tenha conhecimento básico sobre um processo de elaboração de um inventário de emissões de GEE, sabe que é um processo de busca contínua por melhorias e que a orientação metodológica é para que cada novo inventário sempre busque incorporar os avanços possíveis de melhorias de dados, precisão e atualização científica. Desta maneira, usualmente cada novo inventário apresenta resultados diferentes e mais evoluídos do que suas versões anteriores;
– Atualmente o Brasil tem no seu quarto inventário nacional a melhor versão atual disponível baseada na ciência;”

É verdade que os inventários de gases de efeito estufa são aprimorados constantemente (ainda bem) e que o Quarto Inventário é melhor que o Terceiro Inventário, no qual é baseada a atualização de 2020 da NDC, na qual o Brasil “pedalou” em 400 milhões de toneladas de CO2 – ou seja, deu a si mesmo o direito de emitir 400 milhões de toneladas a mais e seguir cumprindo a meta.

Faltou Donnini Freire explicar por que, então, a atualização de 2020 usa explicitamente como referência o Terceiro Inventário, quando o quarto já estava disponível e era de conhecimento de todos os especialistas do governo. E faltou explicar também por que em nenhuma das atualizações foi feito o ajuste percentual da meta diante de mudanças na linha de base: afinal, se o número do ano-base da meta (2005) pode – e deve – ser atualizado de acordo com a melhor ciência disponível, não deveria haver nenhuma dificuldade em ajustar também o percentual de corte de forma a refletir a mudança de inventário. Desde 2016 a sociedade civil vinha alertando para esse risco – não dá para alegar surpresa.

“– Cenários de projeção de emissões devem ser traçados assumindo o mesmo corte temporal da amostra, inclusive da linha de base. Misturar cortes temporais para distorcer números é um estratégia (sic) bastante desonesta”.

A gente não entendeu o que o secretário adjunto quis dizer aqui. Não estamos seguros de que ele mesmo tenha entendido.

“Considerando tudo isso, fica evidente o quanto nossa NDC é ambiciosa, respeita a ciência e preza pela coerência metodológica. Não à toa é apontada, em relatório da Bloomberg, como a NDC mais ambiciosa entre os países em desenvolvimento do G20.”

O relatório publicado em abril de 2021 pela Bloomberg New Economy Finance (BNEF) de fato afirma que a NDC do Brasil é a mais ambiciosa dentre os países em desenvolvimento do G20 quando considerada a redução absoluta. Só que é preciso tomar essa afirmação com alguns grãos de sal, porque:

1 – Esse já era o caso em 2015, quando a NDC foi adotada. O Brasil tem essa vantagem simplesmente porque é o único grande país em desenvolvimento que tem uma meta de redução absoluta para toda a economia; os outros grandes emissores do ex-Terceiro Mundo, como Índia e China, têm metas relativas, de redução de carbono por unidade de PIB, por exemplo.

2 – A própria BNEF propõe quatro critérios para analisar as NDCs. A redução absoluta é um. Outro deles, que o relatório considera “uma avaliação mais acurada da ambição de uma NDC”, é o chamado “gap to BAU“, ou seja, a comparação entre a NDC e nenhuma política de redução. Isso dá uma medida do esforço necessário para atingir a meta. Quando visto sob esse critério, o Brasil despenca de terceiro país mais ambicioso do G20 para 13º. O país poderia aumentar suas emissões em 14% até 2030 em relação a 2018 e mesmo assim cumprir a meta.

3 – A BNEF não é a única organização que analisa a ambição das NDCs. O consórcio Climate Action Tracker, que reúne alguns dos maiores especialistas do mundo em contabilidade de carbono, faz isso todo ano desde 2015. Segundo o CAT, a NDC atualizada do Brasil é “altamente insuficiente” para cumprir as metas de Paris, tendo regredido em relação à NDC de 2015, que era apenas “insuficiente”. A falta de informações na submissão brasileira à UNFCCC impediu que o consórcio fizesse uma análise completa da NDC.

“Finalizo convidando todos a chegarem a suas próprias conclusões, acessarem o vigente inventário nacional e aplicarem uma simples regra de três.”

A conta realmente é simples: ao aplicar a nova meta de 50% de redução com base na Quarta Comunicação Nacional, o Brasil deverá chegar em 2030 emitindo 1.281 MtCO2e. Ou seja, 73 MtCO2e a mais do que o prometido em 2015 (1.208 MtCO2e). Apesar de ter reduzido a “pedalada” em 80% (de 400 Mt para 73 Mt), o Brasil segue pedalando no clima, com uma meta pior do que a feita há sete anos, em violação direta do Acordo de Paris.

Fonte: O Eco

Assuntos: Acordo de PariscarbonoCiênciaclimaefeito estufaemissõesJair BolsonaroMarcelo Donnini FreireMeio AmbienteRicardo Salles
Compartilhar16Tweet10EnviarCompartilharCompartilhar3

Mais Notícias

Julho de 2022 está entre os mais quentes da história
Meio ambiente

Julho de 2022 está entre os mais quentes da história

11/08/2022
Amazonas tem seis das dez unidades de conservação mais ameaçadas do bioma
Amazônia

Amazonas tem seis das dez unidades de conservação mais ameaçadas do bioma

11/08/2022
Pássaro
Meio ambiente

Criador de pássaros sem licença é condenado 3 anos e 7 meses

11/08/2022
Amazônia
Meio ambiente

Amazônia é fundamental para atingir metas climáticas globais, diz Carlos Nobre

11/08/2022
Indústria automobilística
Meio ambiente

Depois de mais de um século, indústria automobilística se aproxima de pico de consumo de carros

11/08/2022
Desmatamento avança sobre Terras Indígenas, aponta IMAZON
Meio ambiente

Desmatamento avança sobre Terras Indígenas, aponta IMAZON

11/08/2022
ALMT adia votação do projeto que libera caça esportiva no Mato Grosso
Meio ambiente

ALMT adia votação do projeto que libera caça esportiva no Mato Grosso

10/08/2022
Mães de baixa renda e chefes de família são mais afetadas por desastres ambientais
Meio ambiente

Mães de baixa renda e chefes de família são mais afetadas por desastres ambientais

10/08/2022
Cinco mudanças tecnológicas para economizar luz e preservar o meio ambiente
Sustentabilidade

Cinco mudanças tecnológicas para economizar luz e preservar o meio ambiente

10/08/2022
Próxima notícia
Movimentos negro e indígena pedem que STF inclua questões de raça em julgamento de litígio climático

Movimentos negro e indígena pedem que STF inclua questões de raça em julgamento de litígio climático

Em cenários de agravamento da crise climática, ANP comemora concessão de 59 blocos de petróleo

Em cenários de agravamento da crise climática, ANP comemora concessão de 59 blocos de petróleo

Como a degradação na Baía de Chacororé afeta a vida no Pantanal matogrossense

Como a degradação na Baía de Chacororé afeta a vida no Pantanal matogrossense

Mais Acessados

  • Projeto de reintrodução de onças na Argentina comemora nascimento de filhotes – VEJA O VÍDEO

    Projeto de reintrodução de onças na Argentina comemora nascimento de filhotes – VEJA O VÍDEO

    871 Compartilhamentos
    Compartilhar 348 Tweet 218
  • Podemos ter encontrado outro mamífero- além de nós- que prática a agricultura

    746 Compartilhamentos
    Compartilhar 298 Tweet 187
  • Brasil tem duas populações de rã-touro, espécie exótica transmissora de fungo mortal

    693 Compartilhamentos
    Compartilhar 277 Tweet 173
  • Bemol comemora 80 anos com a 2ª Edição da Bemol Run na Arena da Amazônia

    701 Compartilhamentos
    Compartilhar 280 Tweet 175
  • 5 alertas sobre a onda de calor extremo na Europa: é só o começo

    401 Compartilhamentos
    Compartilhar 160 Tweet 100

Posts recentes

  • “Hoje, capital e trabalho se juntam em defesa da democracia”, diz José Carlos Dias
  • Produção de bicicletas na ZFM bate maior marca desde 2015
  • Bemol, 80 anos, como empreender para proteger a Amazônia
  • Julho de 2022 está entre os mais quentes da história
  • Sequenciamento do genoma da castanheira deve acelerar o melhoramento da espécie

Comentários

  • Pedro Paramo em Um novo amanhecer – Wilson Périco
  • Rigoberto Pontes em Amazônia, empreendedorismo é mais sustentável que o proibicionismo
  • Geisa da Graça em A Biotecnologia da Amazônia e o Brexit
  • Geisa da Graça em A Biotecnologia da Amazônia e o Brexit
  • Alberto Morelli em “2019 foi um ano difícil mas de muitas conquistas e de protagonismo do Setor Produtivo”.

Pesquisar

Sem resultados
Visualizar todos os resultados

Mais lidas

  • Macaco misterioso na Malásia pode ser um “híbrido”, resultado do acasalamento entre espécies diferentes

    Macaco misterioso na Malásia pode ser um “híbrido”, resultado do acasalamento entre espécies diferentes

    16791 Compartilhamentos
    Compartilhar 6716 Tweet 4198
  • Pagamento extra de R$ 2 mil para aposentados e pensionistas do INSS é proposto ao Senado

    10395 Compartilhamentos
    Compartilhar 4157 Tweet 2598
  • Maior cobra píton encontrada até hoje na Flórida pesava quase 100kg e carregava 122 ovos: espécie invasora é nativa na Ásia

    10029 Compartilhamentos
    Compartilhar 4012 Tweet 2507
  • Pescadores fazem registro incrível de não apenas uma, mas três onças-pintadas nadando em Rio no Paraná

    7876 Compartilhamentos
    Compartilhar 3150 Tweet 1969
  • Onça é flagrada predando maior mamífero terrestre da América do Sul

    7755 Compartilhamentos
    Compartilhar 3102 Tweet 1939
Sem resultados
Visualizar todos os resultados
  • Inicial
  • Amazônia
  • ZFM
  • Economia e Política
  • Agricultura
  • Meio ambiente
  • Saúde
  • BAA TV
  • Ciência
  • Glossário

Sem resultados
Visualizar todos os resultados
  • Inicial
  • Amazônia
  • ZFM
  • Economia e Política
    • Bioeconomia
    • Economia
    • Desenvolvimento regional
    • Infraestrutura
    • Piscicultura
  • Agricultura
  • Meio ambiente
    • Sustentabilidade
  • Saúde
  • BAA TV
  • Ciência
  • Glossário

Open chat
Receba notícias
Powered by Joinchat
Olá, envie seu número para assinar o serviço de notícias pelo Whatsapp do site Brasil Amazônia Agora