A descoberta do sapo na Amazônia é resultado de uma expedição pioneira feita em novembro de 2022 à Serra do Imeri
Uma cadeia isolada de montanhas na fronteira do Amazonas com a Venezuela revelou ser o habitat de uma nova espécie de anfíbio. Batizada de Neblinaphryne imeri, em homenagem à Serra do Imeri, local onde foi encontrada, a descoberta do sapo na Amazônia foi resultado de uma expedição pioneira de 12 dias, feita em novembro de 2022.
Levou quatro dias para que os cientistas capturassem o primeiro exemplar do sapo na Amazônia e dois anos para definirem cientificamente sua identidade. A descoberta foi publicada oficialmente em um artigo na revista científica Zootaxa, em 25 de setembro deste ano, assinada por um grupo de pesquisadores do Instituto de Biociências (IB) da USP, do Centro de Pesquisas sobre Biodiversidade e Ambiente (CRBE) da França e da Universidade Autônoma de Madri, na Espanha.
O Neblinaphryne imeri é a primeira das mais de 260 espécies de fauna e flora documentadas na expedição a ter sua descrição publicada numa revista científica — o que equivale a uma “certidão de nascimento” para a espécie.
O encontro com o sapo na Amazônia
“Encontrar o sapo foi um desafio, já que ele é muito pequeno e se esconde bem entre os musgos”, relatou Antoine Fouquet, biólogo do CRBE que participou da expedição junto do colega Leandro Moraes, do IB-USP. O sapinho foi descoberto a partir do uso de uma técnica chamada playback, em que o pesquisador grava o canto do animal e toca de volta para ele no ambiente, na expectativa de atraí-lo e fazer com que se mova de seu esconderijo. “Eu fui atrás de um cantor, comecei a cavar com o Leandro, e depois de alguns minutos fazendo playback um bicho pulou, quando estávamos quase desistindo”, relatou Fouquet, em entrevista ao Jornal da USP.
Alem do Neblinaphryne imeri, agora os cientistas ainda têm pelo menos outras quatro espécies novas de anfíbios e três de lagartos do Imeri para descrever.“Esse é o primeiro de vários artigos e a primeira de várias espécies”, declara o professor Taran Grant, especialista em anfíbios do IB, que também participou da expedição e assina o trabalho na revista Zootaxa. Após a descrição, os cientistas ainda planejam aprofundar as pesquisas genéticas e os estudos sobre a história evolutiva das novas linhagens.
Todos os animais coletados na expedição estão depositados nas coleções biológicas do Museu de Zoologia da USP.
Assista também ao vídeo da expedição em:
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