Estudantes desenvolvem robô que usa inteligência artificial para realizar reflorestamento preciso em áreas íngremes e degradadas, antes inacessíveis a humanos.
Dois jovens portugueses, Marta Bernardino e Sebastião Mendonça, desenvolveram um robô, movido por inteligência artificial, para recuperar áreas devastadas por incêndios florestais em Portugal. Batizado de Trovador, o robô foi criado para operar em terrenos íngremes e degradados, onde o acesso humano é limitado e o uso de máquinas pesadas é inviável.
Motivados pela destruição ambiental em sua região natal, os estudantes identificaram lacunas nas técnicas tradicionais de reflorestamento, como o uso de tratores, que podem compactar o solo e comprometer a recuperação do ecossistema. A ideia nasceu ainda no ensino médio, inspirada pelas memórias afetivas da infância em meio à natureza, agora ameaçada pelo avanço das queimadas.
Segundo estudo da Universidade de Lisboa, Portugal perdeu mais de 1,2 milhão de acres de floresta entre 1980 e 2023, sendo o país mais impactado por incêndios florestais no sul da Europa. O ano de 2017 registrou a maior perda de cobertura vegetal já documentada no país.
O Trovador é um robô hexápode, capaz de se locomover de forma autônoma por terrenos acidentados. Com apoio de inteligência artificial, ele identifica pontos ideais para plantio, perfura o solo e deposita sementes com precisão. A proposta é superar os baixos índices de germinação associados a drones, que lançam sementes de forma aleatória e pouco eficaz, tornando o processo de reflorestamento menos eficiente.
Ainda em fase de testes, o protótipo foi financiado com recursos próprios e orientação acadêmica. Os primeiros resultados apontam potencial para uso em regiões críticas, como Fundão e Alentejo, onde a perda da vegetação agrava a crise econômica e a escassez de recursos naturais. A equipe busca parcerias para ampliar a escala da tecnologia, que alia inovação, eficiência e impacto socioambiental, com foco em soluções de reflorestamento mais eficazes e sustentáveis.