“É hora de suspender querelas paroquiais e direcionar esforços conjuntos para garantir que os impactos positivos da reforma tributaria se estendam à nossa região, com foco na industrialização sustentável e na integração regional“
Por Nelson Azevedo
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A conclusão da reforma tributária e sua legislação ordinária marca um momento histórico para o Brasil e nos convida a refletir sobre os desafios do novo ano. Ao considerar os riscos enfrentados para assegurar os direitos do Amazonas, o bom senso não permite descanso. É hora de suspender querelas paroquiais e direcionar esforços conjuntos para garantir que os impactos positivos da reforma se estendam à nossa região, com foco na industrialização sustentável e na integração regional.
Prioridades imediatas
Através das entidades e com a colaboração do poder público e instituições de ensino e pesquisa, precisamos identificar e sistematizar as demandas regionais e locais necessárias para o estabelecimento de parcerias mais robustas entre os estados da região. A base econômica do Amazonas, representada principalmente pelo Polo Industrial de Manaus (PIM), demonstrou crescimento significativo em setores como químicos (25,39% em outubro) e eletrônicos (1,57%). Contudo, há gargalos estruturais que precisam de atenção, como a queda na produção de bens de informática (-5,94%) e a histórica volatilidade de setores como bebidas e combustíveis. Um levantamento abrangente das demandas de infraestrutura e da capacidade industrial instalada deve ser prioridade.
Fortalecimento da bancada Parlamentar da Amazônia Legal
A articulação com a bancada parlamentar da região precisa ser intensificada para o debate, envolvendo não apenas o aporte de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional, mas também outras receitas públicas originadas na região. É vital que Manaus, responsável por 50% da arrecadação federal da região norte, veja esses recursos retornarem como investimentos estratégicos para a infraestrutura competitiva regional.
Integração e aproximação econômica regional
A reforma tributária deve ser usada como um catalisador para integrar a economia do PIM aos demais estados da Amazônia Ocidental e do Amapá. Isso pode ser alcançado com um levantamento de dados robustos que evidenciem as oportunidades de negócios regionais, ampliando a geração de riqueza e empregos. A legislação ordinária da reforma abre novas possibilidades de incentivos para a bioeconomia e o uso sustentável dos recursos naturais. O Amazonas pode liderar iniciativas que fortaleçam a industrialização a partir da floresta em pé.
Caminhos e desafios
O desempenho econômico recente do Amazonas mostra avanços importantes, mas também desafios claros. Enquanto o setor químico lidera o crescimento industrial, a produção extrativista segue em queda, mostrando a necessidade de diversificação e modernização. Além disso, o número crescente de empregos formais (crescimento de 6,7% em outubro) reforça a importância de consolidar políticas que sustentem esse movimento.
Mobilização e ação compartilhada
Este momento exige um planejamento estratégico robusto, que envolva Governos Estaduais e Federal para organizar e coordenar investimentos em infraestrutura e logística. Setor Privado, SUFRAMA e SUDAM estão aptos a debater saídas e organizar estratégias que equacionem os gargalos de infraestrutura a fim de fortalecer a competitividade regional em geral e as cadeias produtivas do PIM. Só assim podemos dar o passo seguinte com mais firmeza. Desenvolver tecnologias para o aproveitamento sustentável dos recursos da região.
Jornada pela integração e prosperidade regional
Com organização e mobilização, envolvendo também as entidades de classe dos diversos setores produtivos, podemos transformar os desafios da reforma tributária em oportunidades de desenvolvimento para o Amazonas e toda a Amazônia. A integração regional é o caminho para assegurar um futuro próspero e sustentável, onde o Polo Industrial de Manaus seja o motor de uma economia mais equilibrada e justa.
Nelson é economista, empresário e presidente do sindicato da indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM.
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