Estudo revela que a devastação da Mata Atlântica atinge níveis críticos com mais de 75% de desmatamento e a extinção iminente de espécies únicas, enquanto esforços globais são necessários para combater o desmatamento e salvar as florestas tropicais do mundo.
O bioma da Mata Atlântica, estendendo-se ao longo da maior parte do litoral brasileiro, enfrenta uma devastação significativa. De acordo com a SOS Mata Atlântica, mais de três quartos da vegetação original já desapareceram. Um estudo recente publicado na revista “Science” revela que 82% das 2.500 espécies de árvores endêmicas estão ameaçadas de extinção.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e instituições colaboradoras atualizaram as informações sobre as espécies em perigo, criando uma nova lista vermelha de espécies ameaçadas. Eles identificam o desmatamento e a consequente redução de árvores adultas como a maior ameaça para as espécies únicas deste bioma.
Aumento potencial do risco de extinção
Apesar de já altos, os números podem crescer ainda mais devido a ameaças emergentes como as mudanças climáticas e o aumento das temperaturas médias, que não foram consideradas no estudo mas podem intensificar a extinção das espécies.
Árvores ameaçadas na Mata Atlântica
A análise de três milhões de registros de herbários e inventários florestais revelou várias espécies emblemáticas em risco, incluindo:
- Pau-brasil;
- Araucária;
- Palmito-juçara;
- Jequitibá-rosa;
- Jacarandá-da-Bahia;
- Angico;
- Peroba.
O estudo também apontou que 13 espécies únicas do bioma podem já estar extintas. No entanto, há um vislumbre de esperança, pois cinco espécies que se pensava estarem extintas foram redescobertas, incluindo a Campomanesia Lundiana e a Myrcia neocambessedeana.
Alerta para a biodiversidade da Mata Atlântica
Renato Lima, professor da USP e um dos autores do estudo, expressou grande preocupação com a situação da flora e biodiversidade da Mata Atlântica em declaração à Agência Bori.
Risco global das Florestas Tropicais
O perigo enfrentado pela Mata Atlântica é um reflexo de um problema maior afetando as florestas tropicais ao redor do mundo. Estimativas atuais indicam que entre 35% e 50% das espécies de árvores globais estão em risco devido ao desmatamento e à falta de medidas efetivas para conter essa prática.
Os pesquisadores sugerem três abordagens principais para prevenir a perda de espécies de árvores na Mata Atlântica:
- Implementação de Planos de Ação Nacionais (PANs) no Brasil, que são estratégias políticas destinadas à conservação e recuperação de espécies ameaçadas.
- A conservação imediata das espécies em risco em jardins botânicos ou bancos de material genético.
- A restauração florestal para reverter a perda de espécies arbóreas, enfocando em espécies regionais ameaçadas.
André de Gasper, professor da Universidade Regional de Blumenau (FURB) e coautor do estudo, enfatiza a importância dos projetos de restauração. Ele sugere que esses projetos devem priorizar espécies regionais mais ameaçadas, promovendo a produção de sementes e mudas, e auxiliando na recuperação das populações arbóreas na natureza.
Com informações da Canaltech
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