O mundo enfrenta atualmente uma série de desafios ambientais. Entre eles, a poluição por plástico tem sido particularmente alarmante, com microplásticos biodegradável dispersos por todo o ecossistema global. Um estudo notável publicado na revista Science revelou que até 2015, cerca de 6,3 bilhões de toneladas de polímeros plásticos foram produzidos e descartados, com apenas uma fração insignificante sendo reciclada ou incinerada. O presente artigo explora os detalhes e as implicações dessa crise, baseando-se em investigações recentes realizadas no Brasil sob a coordenação do pesquisador Ítalo Castro.
A produção anual de 400 milhões de toneladas de plásticos, e a sua acumulação em ambientes continentais e marinhos, torna a contaminação por microplásticos um dos maiores problemas ambientais atuais, segundo Castro. Estes materiais foram já detetados em várias partes do corpo humano, indicando uma penetração alarmante na cadeia alimentar e no ambiente.
Falsa Esperança: o mito dos plásticos biodegradável
Uma investigação liderada por Castro analisou produtos vendidos como biodegradáveis em 40 supermercados brasileiros, revelando que nenhum dos 49 produtos diferentes analisados atendia aos critérios de biodegradabilidade. Este fato torna-se ainda mais preocupante ao considerar que tais produtos eram, em média, 125% mais caros do que os similares convencionais, explorando assim a intenção consciente dos consumidores de fazer escolhas ecológicas.
Os perigos dos plásticos oxodegradáveis
A investigação também revelou que mais de 90% dos produtos analisados eram feitos de materiais oxodegradáveis, que, apesar do nome, não se degradam em condições ambientais normais. Tais plásticos, quando fragmentados, permanecem no ambiente por décadas, contribuindo para a geração de microplásticos e exacerbando o problema existente.
Atualmente, tramita no Senado brasileiro o projeto de lei 2524/2022, que visa proibir o uso de aditivos oxodegradáveis. Caso aprovado, este projeto pode representar um passo significativo para o Brasil rumo a uma economia circular do plástico. O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) expressou apoio a esta iniciativa, enquanto a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) posicionou-se contrária ao projeto, argumentando que outras iniciativas poderiam ser mais eficazes
A crise dos microplásticos é um reflexo das ações humanas desenfreadas e da necessidade urgente de políticas eficazes de gestão de resíduos. A transição para uma economia circular, acompanhada de regulamentações rigorosas e educação pública, é crucial para mitigar este desafio ambiental colossal. O estudo liderado por Castro ilumina não apenas a gravidade da situação, mas também o longo caminho que ainda precisa ser percorrido para uma gestão eficaz dos resíduos plásticos.
Publicação do artigo
*Com informações Agência Fapesp
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