Detalhando em números, o estudo do Instituto Escolhas foi a fundo para entender a realidade do garimpo ilegal na Amazônia, o investimento necessário e o lucro dos criminosos. Em off: mesmo com faturamento milionário, o faturamento do garimpo não chega perto do que a bioeconomia sustentável poderia proporcionar para as pessoas da região.
O Instituto Escolhas divulgou esta semana um estudo revelador sobre a atividade de garimpo na Amazônia, mostrando como ela se distanciou de sua origem artesanal e se tornou um empreendimento que demanda altos investimentos, mas oferece retorno garantido. O trabalho intitulado “Abrindo o livro caixa do garimpo” utilizou como exemplo as atividades garimpeiras na cidade de Itaituba, no Pará, para apresentar dados impressionantes.
Investimento e retorno significativos
De acordo com o estudo, o investimento necessário para a criação de um garimpo de balsas, também conhecido como garimpo nas águas, é de aproximadamente R$3,3 milhões de reais. Já para o garimpo de baixões, que ocorre em terra firme, o valor do investimento é de cerca de R$1,37 milhão.
Esses altos investimentos têm retorno garantido. Os garimpos de balsa na região faturam aproximadamente R$1,16 milhão por mês, totalizando um rendimento anual de R$13,920 milhão de reais. Após a dedução dos custos, os garimpeiros têm um lucro mensal de R$632 mil. No caso do garimpo de baixões, o faturamento mensal é de R$930 mil, com um lucro líquido de R$343 mil.
Expansão preocupante
O estudo também revela que o alto investimento na atividade não tem sido um obstáculo para sua expansão desenfreada. Entre os anos de 2012 e 2021, a área total dos garimpos na Amazônia duplicou, crescendo mais de 80 mil hectares.
Legislação permissiva
O trabalho chama a atenção para as facilidades encontradas pelos garimpeiros na legislação brasileira, o que contribui para o crescimento descontrolado da atividade. “Os garimpos são empreendimentos com alto investimento e uma renda considerável, mas beneficiados por uma legislação que faz poucas exigências para autorizar as operações e que não atrela ao garimpo a responsabilidade de recuperar as áreas devastadas e contaminadas pelo mercúrio. Aí, reside o interesse em seguir mantendo a aura artesanal do garimpo, que já não é realidade há muito tempo”, alerta Larissa Rodrigues, gerente de portfólio do Escolhas.
Medidas urgentes necessárias
Diante dessa realidade preocupante, o Instituto Escolhas elencou uma série de medidas urgentes que precisam ser adotadas para frear o avanço dos garimpos na Amazônia. São elas:
- Exigir dos garimpos trabalhos de pesquisa mineral, com planos de aproveitamento econômico, para estimar os volumes de minério disponíveis na área e a extração ao longo do tempo;
- Limitar o número de permissões de garimpo a apenas uma por pessoa ou cooperativa, respeitando sempre a área-limite definida em lei;
- Exigir prova de capacidade financeira dos titulares de permissões de garimpos, garantindo que possam cumprir suas responsabilidades ambientais e sociais;
- Manter um licenciamento ambiental rígido e centralizado, condizente com o potencial de impactos da atividade, e não a cargo de órgãos ambientais municipais;
- Exigir e fiscalizar a recuperação das áreas degradadas, assim como as compensações ambientais e sociais;
- Suspender novas rodadas de disponibilização de áreas para garimpos até que os gargalos na fiscalização e no combate às ilegalidades sejam corrigidos devidamente.
Ação necessária para evitar custos ambientais
É crucial que essas medidas sejam implementadas com urgência para evitar as consequências negativas geradas pela atividade de garimpo. Caso contrário, as áreas devastadas pela execução da atividade continuarão a se multiplicar, resultando em custos ambientais cada vez mais elevados.
Leia o estudo do Instituto Escolhas, na íntegra, clicando aqui
O Instituto Escolhas destaca a importância de encarar a realidade dos garimpos na Amazônia, abandonando a ideia ultrapassada de que se trata de uma prática artesanal inofensiva. Somente com ações efetivas será possível frear o avanço descontrolado dos garimpos e preservar a rica biodiversidade e os ecossistemas da região amazônica.
Alguns argumentam que o garimpo ilegal gera emprego e até desenvolve a região. Mas já pensou quais seriam os valores que uma cadeia potente de desenvolvimento sustentável através da bioeconomia poderia gerar na Amazônia? Nessa matéria aqui falamos um pouco mais sobre isso! Leia mais em:
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