O Brasil, sob a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, procura ocupar uma posição de liderança na discussão global sobre o clima. No entanto, enquanto o país avança no cenário diplomático, desafios internos relacionados às mudanças climáticas mostram um lado vulnerável e despreparado.
Compromissos globais
Desde sua posse, Lula tem dado sinais claros de sua intenção de colocar o Brasil no centro das discussões sobre mudança climática. Em um de seus primeiros movimentos como presidente eleito, participou da 27ª Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP27) no Egito, comprometendo-se a zerar o desmatamento ilegal.
Adicionalmente, o retorno de Marina Silva, aclamada defensora do meio ambiente, ao cargo de ministra do Meio Ambiente, fortaleceu ainda mais a mensagem de que o Brasil está levando a sério sua responsabilidade ambiental.
Em um passo audacioso, Lula também garantiu que o Brasil sediasse uma importante Conferência do Clima e teve sucesso ao lançar a candidatura de Belém como sede da COP30 em 2025. Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, o presidente enfatizou a urgência de ações globais em prol dos objetivos de desenvolvimento sustentável.
No entanto, dentro de suas fronteiras, o Brasil enfrenta uma série de desafios climáticos. No início de 2023, 65 vidas foram perdidas devido a deslizamentos de terra na costa sul de São Sebastião. O sul do país, meses depois, sofreu com chuvas e enchentes sem precedentes, deixando um rastro de destruição. Simultaneamente, a estiagem atingiu a Amazônia, secando rios e prejudicando comunidades.
Esses eventos, embora distintos em natureza, têm uma origem comum: o aquecimento global. A Amazônia, por exemplo, viu um aumento de 3 graus em suas temperaturas médias ao longo das últimas seis décadas. Esse fenômeno é majoritariamente atribuído à ação humana, especialmente devido à emissão excessiva de gases de efeito estufa desde a Revolução Industrial.
Cientistas alertam que, se a tendência atual persistir, o mundo experimentará um aumento de temperatura entre 2,6 e 2,8 graus na segunda metade do século. Esse aquecimento trará consigo eventos climáticos extremos com mais frequência e intensidade, apresentando um cenário quase apocalíptico
Alertas ignorados
Marina Silva, durante oficina em Brasília, fez uma analogia impactante sobre a crescente ameaça climática, dizendo que se “as catástrofes antes batiam à porta, agora arrebentam nossa porta”. O Plano Clima – Adaptação está em desenvolvimento, buscando estratégias para enfrentar este futuro incerto. O foco inicial inclui mapeamento de áreas de risco, fortalecimento de órgãos locais, criação de marco legal e planos de contingência.
Carlos Nobre, pesquisador da USP, destaca a urgência: “Não estamos avançando para tornar a população resiliente”. Beto Mesquita, diretor da BVRio, reitera que a responsabilidade recai sobre os municípios para agir efetivamente.
Brasil: reações tardias e planos futuros
Diante das recentes catástrofes climáticas, o governo federal adotou uma postura tanto reativa quanto proativa. No entanto, ações emergenciais, como socorro às áreas afetadas, parecem predominar sobre planos de longo prazo.
O Brasil se comprometeu com metas ambiciosas: redução das emissões de CO2 e expansão da matriz energética sustentável. Além disso, discute-se uma revisão do Plano Nacional de Adaptação de 2016, que ficou aquém das expectativas. Ana Toni, secretária nacional de Mudanças Climáticas, afirma que essas metas serão reavaliadas regularmente.
Em termos tecnológicos, o governo investirá em um supercomputador de R$ 200 milhões para aprimorar as previsões climáticas. Além disso, Lula lançou o programa “Sertão Vivo”, destinando R$ 1,75 bilhão para combater a seca no Nordeste.
Os Impactos reais
As catástrofes climáticas no Brasil trouxeram números alarmantes. A seca no Amazonas levou 59 de 62 cidades do estado à situação de emergência, com Manaus enfrentando sua pior seca em mais de um século. Simultaneamente, no Sul, Porto Alegre viu o Lago Guaíba atingir seu maior nível desde 1941.
As consequências humanas são devastadoras: milhares desabrigados, com impactos ainda mais profundos na Amazônia, onde mais de meio milhão de pessoas foram afetadas
O Brasil enfrenta graves problemas decorrentes das mudanças climáticas e dos fenômenos naturais, tais como El Niño. Aqui estão algumas considerações e pontos-chave sobre o assunto:
- Intensificação dos Extremos Climáticos: O Brasil está vivenciando eventos climáticos extremos em uma escala sem precedentes. Estes eventos estão ligados à combinação da variabilidade climática natural, como o El Niño, e as mudanças climáticas antropogênicas.
- Despreparo Institucional: As autoridades locais e nacionais, historicamente, não investiram o suficiente em planejamento e infraestrutura para lidar com tais eventos. Isso resulta em perdas materiais significativas e, pior, em perda de vidas.
- Saúde Pública: A saúde pública também está em risco devido aos extremos climáticos. Por exemplo, as altas temperaturas podem causar ondas de calor mortais, enquanto poluentes suspensos podem levar a problemas respiratórios graves.
- Impacto Econômico: Há consequências diretas para a economia, desde a morte de gado devido a ondas de frio, até interrupções na navegação que afetam o comércio e a distribuição.
- Histórico de Alertas: O mundo científico tem alertado sobre as mudanças climáticas e seus efeitos desde os anos 90, mas muitos governos, incluindo o brasileiro, foram lentos em agir.
- Consequências Socioeconômicas: O impacto econômico vai além da perda imediata. A falta de preparo e resposta apropriada a esses eventos pode levar a um aumento nos preços dos produtos, afetar o PIB e elevar a inflação.
- Desafios Políticos: Enquanto o Brasil tenta posicionar-se como líder nas discussões climáticas globais, os desafios domésticos mostram um cenário diferente. Problemas persistentes, como o desmatamento da Amazônia, prejudicam a imagem do país e sua eficácia em lidar com questões ambientais.
- Necessidade de Ação Urgente: Há uma necessidade urgente de estratégias de adaptação e mitigação. Isso inclui melhorias na infraestrutura, planejamento urbano, sistemas de alerta e resposta a desastres, e educação pública sobre os riscos associados às mudanças climáticas.
- Integração e Cooperação: O enfrentamento eficaz dos desafios climáticos requer uma abordagem integrada que envolva governos locais, estaduais e federais, bem como o setor privado e a sociedade civil.
Para garantir um futuro mais seguro e resiliente, o Brasil precisa agir agora. A adaptação e a preparação para os extremos climáticos não são apenas uma necessidade, mas um imperativo.
*Com informações VEJA
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