Dados do Imazon mostram como as políticas de combate ao desmatamento terão de se esforçar muito se o atual governar quiser cumprir as promessas de campanha e manter a imagem internacional de compromisso com o meio ambiente.
A destruição da floresta amazônica nos três primeiros meses do ano atingiu a pior marca em 16 anos de medições do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Entre janeiro e março, foram desmatados 867 km² de vegetação nativa no bioma, o equivalente a duas vezes o tamanho da capital paranaense, Curitiba. Os números, do Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) do Instituto, foram divulgados nesta quinta-feira (20).
Considerando a série histórica do Imazon, iniciada em 2008, o primeiro trimestre deste ano só ficou atrás de 2021, quando foram desmatados 1.185 km² no período.
Somente em março, foram desmatados 344 km² de floresta, número três vezes maior do que o mesmo mês de 2022, quando a Amazônia perdeu 123 km². Neste mês, oito dos nove estados que compõem a Amazônia Legal apresentaram aumento no desmatamento, com exceção do Amapá.
Segundo o Imazon, o cenário mostra que é preciso adotar com urgência ações de proteção aos territórios mais pressionados. A APA Triunfo do Xingu, no Pará, é um exemplo. Sendo uma unidade de Conservação, por lei ela não poderia ser desmatada, mas apenas em março ela perdeu 5 km² de área.
“Os governos federal e dos estados precisam agir em conjunto para evitar que a devastação siga avançando, principalmente em áreas protegidas e florestas públicas não destinadas. […] Será preciso também não deixar impune os casos de desmatamentos ilegais e apropriação de terras públicas”, alerta o pesquisador Carlos Souza Jr., do Imazon.
Desmatamento nos estados
A maior parte do desmatamento detectado pelo Imazon em março ocorreu nos estados do Amazonas (30%), Pará (27%) e Mato Grosso (25%). Roraima ficou com 8% do total, Rondônia, com 6%, Maranhão com 3% e Acre, 1%.
No Amazonas, que viu o desmatamento saltar de 12 km² em março de 2022 para 104 km² em março deste ano – nove vezes a mais –, a área mais crítica é o sul do estado, em municípios próximos à divisa com o Acre e com Rondônia, na região chamada de Amacro – acrônimo formado pelo início das palavras Amazonas, Acre e Rondônia.
No mês passado, a maioria (76%) do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. O restante foi registrado em Assentamentos (19%), Unidades de Conservação (4%) e Terras Indígenas (1%).
Degradação
Além do desmatamento, o Imazon também mede a degradação na Amazônia, que é a perda gradual da vegetação. Segundo o Instituto, as florestas degradadas na Amazônia Legal somaram 42 km² em março de 2023, o que representa um aumento de 68% em relação a março do ano passado, quando foram detectados 25 km² de degradação.
A maior parte da degradação no período ocorreu no Pará (79%), mas também foram detectadas taxas em Mato Grosso (14%) e Roraima (7%).
Fonte: O Eco
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