Cúpula das Três Bacias teve início nesta quinta-feira, na capital do Congo, com a expectativa de formar uma coalizão de líderes das bacias florestais da Amazônia, do Congo e do Bornéu-Mekong, no Sudeste Asiático, para discutir estratégias de financiamento e ações concretas destinadas a proteger esses ecossistemas vitais para o planeta.
Os países que compõem essas bacias abrigam aproximadamente 80% das florestas tropicais do mundo e abrigam dois terços da biodiversidade global, de acordo com o World Wildlife Fund (WWF). No entanto, essas áreas enfrentam uma pressão significativa devido à degradação florestal causada principalmente pela exploração madeireira e agropecuária, bem como os impactos das mudanças climáticas, que resultam em perda de espécies nativas e fenômenos climáticos extremos.
Fran Price, líder global em práticas florestais da WWF, enfatizou a importância da cúpula indo além das discussões e buscando compromissos reais. “É imperativo que todos os governos na região e além dela aproveitem esta plataforma para trabalhar juntos”, destacou. Além dos governos, o setor privado e a sociedade civil também são chamados a participar ativamente das soluções.
Vista aérea de um rio na selva fluindo de um Bai (solução salina, mineral) no Parque Nacional de Odzala, República do Congo.. Esta rica clareira mineral está localizada no meio da floresta tropical, onde elefantes, búfalos e gorilas da floresta se reúnem em grande número para colher os benefícios dos sais — Foto: Getty Images
No Brasil, por exemplo, regiões próximas ao Rio Amazonas têm sofrido com uma seca extrema, resultado da combinação do fenômeno El Niño com o aumento das temperaturas. A degradação ambiental e os desequilíbrios climáticos apresentam riscos significativos para as economias locais e a segurança alimentar.
Um relatório do ClimaInfo ressalta que o cumprimento do Acordo de Paris é praticamente impossível sem a preservação dessas áreas, uma vez que elas têm o potencial de contribuir com cerca de um terço da mitigação das mudanças climáticas por meio da captura e armazenamento de carbono, além de influenciar a regulação dos ciclos hidrológicos e dos padrões climáticos locais e regionais.
Arlette Soudan-Nonault, ministra do Meio Ambiente da República do Congo e anfitriã do evento, destacou durante sua participação na Cúpula da Amazônia, realizada em agosto deste ano, que “desfrutamos de ecossistemas que representam a regulação do clima mundial” e que, atualmente, “sem levar em conta a Amazônia, a Bacia do Congo e a de Bornéu, no Sudeste Asiático, não há mais planeta”.
A Cúpula das Três Bacias representa um esforço crucial para unir esforços na preservação desses ecossistemas vitais e enfrentar os desafios urgentes que ameaçam a estabilidade climática global e a biodiversidade.
Ecossistemas vitais sustentam mais de 1,2 bilhão de pessoas, mas financiamento atual está aquém das necessidades
Estimativas alarmantes apontam que são necessários aproximadamente US$ 460 bilhões anuais, o equivalente a cerca de R$ 2,3 trilhões, para a proteção e restauração de florestas em todo o mundo. No entanto, os cálculos de financiamento até 2022 representam menos de 1% desse valor, revelando uma lacuna significativa entre a necessidade e os recursos disponíveis.
A Cúpula das Três Bacias, atualmente em andamento em Brazzaville, na República do Congo, representa uma tentativa importante de enfrentar essa crise de financiamento global. Líderes das bacias florestais da Amazônia, do Congo e do Bornéu-Mekong estão se reunindo para discutir estratégias e compromissos concretos que visam assegurar a preservação desses ecossistemas críticos.
A proteção das florestas tropicais não é apenas uma questão ambiental, mas também tem implicações diretas na subsistência das comunidades locais e no equilíbrio climático global. Esses ecossistemas desempenham um papel fundamental na mitigação das mudanças climáticas, contribuindo para a captura e armazenamento de carbono e influenciando os padrões climáticos e os ciclos hidrológicos.
O financiamento insuficiente para a proteção e restauração dessas florestas coloca em risco não apenas a biodiversidade, mas também a segurança alimentar e econômica das populações que dependem delas. A importância dessas áreas para a subsistência de comunidades indígenas, bem como para a estabilidade climática do planeta, não pode ser subestimada.
À medida que os líderes das três bacias florestais buscam soluções na Cúpula das Três Bacias, a esperança é que esse encontro resulte em compromissos financeiros substanciais e planos concretos para a preservação desses ecossistemas críticos.
* Com informações UM SÓ PLANETA
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