A Amazônia, um dos maiores biomas do mundo, enfrenta desafios significativos no Brasil. Diante da inadequação das estratégias anteriores, baseadas principalmente em vigilância e repressão, surge uma nova abordagem focada na bioeconomia.
O Cacau como alternativa sustentável
Neste cenário, o cacau, nativo da Amazônia, emerge como uma opção promissora para a recomposição de áreas degradadas. Conforme Walmir Ortega, fundador da startup agroflorestal Belterra, o cacau, cultivado em consórcio com outras espécies, tem a capacidade de transformar pastagens degradadas em terras produtivas, gerando benefícios econômicos, sociais e ambientais.
Contudo, a transição para o cultivo do cacau não é simples. Os produtores enfrentam barreiras como a falta de conhecimento, de capital e de acesso ao mercado. A Belterra, que já converteu cerca de 4 mil hectares de pastagens degradadas em lavouras de cacau, tem uma meta ousada de 40 mil hectares até 2030. O custo estimado para essa transição é de R$ 30 mil por hectare, tornando o investimento inicial um desafio significativo.
Parceria estratégica e integração ao mercado
A Belterra não atua sozinha; ela forma parcerias com os produtores por meio de arrendamento de terras ou sociedade no negócio. Um dos principais diferenciais do projeto é a integração dos produtores ao mercado nacional. A Cocoa Action Brasil, parceira estratégica do projeto, tem como missão promover ações estruturantes, capacitar produtores e organizar cooperativas, conforme relata Guilherme Salata, coordenador da iniciativa.
Um dos desafios apontados por Salata é a baixa produtividade atual do cacau no Brasil. O projeto liderado pela Belterra na Amazônia visa agregar até 60 mil toneladas de cacau à produção brasileira, além de criar mais de dois mil empregos diretos e outros milhares ao longo da cadeia logística.
Investimento e futuro
Para alcançar os 40 mil hectares de cacau plantados no sistema agroflorestal, será necessário um investimento de aproximadamente R$ 1,2 bilhão. Esses recursos serão captados por meio de fundos de investimento, crédito bancário, capital filantrópico e empresas privadas, incluindo a Vale, um dos principais investidores da Belterra.
Conforme Gustavo Luz, diretor do Fundo Vale, a visão é avaliar o projeto em longo prazo, após 2030, para verificar se haverá sustentabilidade econômica e se os produtores estarão estruturados para seguir produzindo de forma independente. Com isso, o projeto do cacau não é apenas uma iniciativa de negócios, mas uma estratégia de desenvolvimento sustentável que pretende proteger e revitalizar a Amazônia através da bioeconomia.
Este artigo reflete a ambição do projeto de transformar uma indústria, fornecer empregos e, mais importante, contribuir significativamente para a sustentabilidade de uma das regiões mais importantes do mundo. A Amazônia
*Com informações Mercado do Cacau
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