“Uma hora a gordura do capital de reserva acaba e não vai adiantar ficar desesperada na véspera dos acontecimentos decisivos. O povo já está desesperado na fome e a elite insiste em contar os grãos de comida estocados no celeiro.”
Farid Mendonça Júnior
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Em qualquer país do mundo, a elite é a que governa, que define as cartas do jogo político e econômico.
O Brasil não é a Venezuela. Não tem tamanho, população e nem uma economia do tamanho da Venezuela. Logo, não há como se ter uma homogeneidade no pensamento e no apoio político da elite brasileira em um determinado projeto político.
Se nos tempos de Getúlio (1930 a 1945 e 1951 a 1954) o país já se mostrava dividido e multifacetado respeitando-se as peculiaridades da época, imagina nos dias de hoje.
Qualquer elite, em qualquer momento, procura maximizar seus ganhos, “se dar bem”, seja na política ou na economia. Pra isso acontecer, é bom que o país esteja no rumo do crescimento econômico, algo que o Brasil está distante desde 2015, seja com governos de esquerda ou de direita.
O ódio exacerbado a um partido político fez do povo brasileiro um povo cego, pelo menos temporariamente. Devido aos erros cometidos, tudo era válido desde que o Partido dos Trabalhadores não estivesse no poder. E a elite apoiou este projeto, ou pelo menos a maior parte da elite política e econômica.
Colocamos um despreparado no poder. Como Ciro Gomes costuma citar, ” um estagiário”, com todo respeito aos estagiários que ainda estão aprendendo. De 2015 até os dias atuais, chegamos a ter dois “estagiários” no poder, Dilma e Bolsonaro. A primeira, até aqui, não tem condenações e pode ainda não ser considerada corrupta, mas o Brasil precisa muito mais que isso, precisa de alguém que sabe governar. O segundo se diz honesto e sem corrupção, mas igualmente não tem a mínima habilidade técnica e política para tal mister.
Muito tempo neste compasso retroativo, em que o país anda, deságua numa herança extremamente negativa para as atuais e futuras gerações.
Retornando para o cerne da questão deste artigo, o que ainda assusta é grande parte da elite econômica ainda defender o atual projeto do governo, ou melhor “ausência de projeto”. Inegavelmente, nosso país está muito mais pobre, muito barato para compradores internacionais que ainda não nos compram pois ainda acreditam que o “buraco” será mais embaixo.
O ensaio de projeto que o atual governo tem para o país é entreguista, anti-indústria, totalmente liberal principalmente no que tange ao comércio exterior num momento em que um necessário protecionismo para reerguer o país se faz necessário.
Grande parte da elite econômica do Brasil resolver tirar a máscara da boca e do nariz e colocar nos olhos. Resolveu queimar toda a gordura de reserva de capital que ainda possui rumo a um pseudo nacionalismo que nos conduz para o abismo.
É muito triste ainda ver lideranças de associações de classe empresariais ainda defendendo o capitão. Insistindo num projeto sem futuro, sem fundamento e sem explicação. Trata-se simplesmente de um projeto que não tem qualquer tipo de lógica, a não ser enfraquecer a indústria, reduzir incentivos fiscais, transformar o Brasil numa grande fazenda e gerar mais desemprego.
Chego a pensar que o governo federal aposta num Brasil “melhor” via diminuição da população. Apostando em mais mortes, principalmente dos mais pobres. Além disso, isto ainda ajuda nas contas da previdência, conforme dito por uma representante do governo federal.
Praticamente qualquer revolução que aconteceu em diversos países foi conduzida pela elite. Revolução Gloriosa na Inglaterra, Revolução Francesa na França, independência dos Estados Unidos, até mesmo a revolução Comunista na China. O povo pode até ter tomado o timão de forma temporária, mas logo depois a elite retomou a liderança.
A elite brasileira está esperando mais mortes acontecerem ou um possível derramamento de sangue para agir? Para perceber que o caminho do país está errado?
Uma hora a gordura do capital de reserva acaba e não vai adiantar ficar desesperada na véspera dos acontecimentos decisivos.
O povo já está desesperado na fome e a elite insiste em contar os grãos de comida estocados no celeiro.
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