“Ninguém é uma ilha, muito menos autossuficiente. Se cada um perde um pouco todos saem ganhando, vencendo a peste do vírus e a maldição recessiva, em espírito solidário, participativo e decisivo para nossa sobrevivência.”
Por: Nelson Azevedo (*) [email protected]
A roda da economia é uma equação muito simples de compreensão e de providências quando sua engrenagem é afetada. A Covide-19, o novo Coronavírus, veio para bagunçar a vida em todas as suas dimensões, incluindo a sobrevivência econômica. Vamos resgatar essa dinâmica a começar pelo setor manufatureiro, sempre formado por investidores e trabalhadores, dentro de um acordo social constitucional. O setor de varejo e serviços comercializa, a partir, do sistema de distribuição inteligente, a Logistica integrada, para assegurar custos e prazos.
E essa distribuição visa sempre atender da melhor forma o consumidor. Destaque-se que o consumidor, para construir seu poder de compra, precisa de salários adequados e assegurados. Na medida em que o consumo acontece, o comércio demanda mais produtos da indústria e assim a roda se forma, gera renda oportunidade e prosperidade. Qualquer um desses elos que se rompa, que tenha dificuldades de cumprir a sua parte, a engrenagem entra em colapso e as consequências são desastrosos em todos os sentidos.
O fantasma do desemprego e da recessão
Estamos vivendo o isolamento social, o fechamento de espaços aéreos, das fronteiras, a paralisação de uma série de atividades e a restrição aos fluxos de pessoas. E isso, imediatamente, começa a mexer com a infraestrutura econômica, ameaçando a paralisação de algumas atividades produtivas de bens e serviços. Rompem-se algumas cadeias produtivas e entre em crise o abastecimento de alguns bens e serviços; o fantasma das demissões em geral se reapresenta, com o incremento dos afastamentos sem remuneração e de muitas dificuldades na economia informal e trabalho autônomo. São múltiplas as adversidades e tímidas as iniciativas até aqui.
O consumo vai para a produção e salários
Por isso é fundamental saber o que fazer, o que é prioritário pra começo de conversa e, sobretudo, que haja muita conversa na busca do entendimento. Qualquer segmento que se feche em si mesmo, seja público ou privado, está fadado a perecer. É fundamental, em conjunturas de recessão, como essa que volta a bater em nossa porta. além de aumentar os gastos públicos para ativar a economia, mudar também a composição do gasto. Permanece também aqui uma lei de mercado: dinheiro recebido por banqueiro e rentistas não ativa o comércio e a produção. Esse dinheiro volta para o mercado financeiro. Entretanto, possibilitar que o consumidor continue comprando arroz, feijão e frango significa que esse dinheiro dinamiza a produção, a renda, mantém salário e, claro, os lucros do capital.
Fazendo circular a moeda
Tomando os necessários cuidados, temos que resguardar as condições para ativar o comércio e a produção, gerando mais renda, mais salários e, é claro, lucros também. A nosso favor, estamos com uma redução histórica da taxa de juros, o que desestimula a maldita ciranda especulativa e favorece o crédito e a produção. É melhor correr os riscos secundários de aumento discreto da inflação que submeter-se aos estragos de sequelas imprevisíveis da recessão. O dinheiro precisa circular, os salários precisam ser mantidos, mas não no patamar de R$200/mês. Além de temeridade isso provoca insegurança e desespero. O governo precisa renunciar a alguns tributos para não perder o todo no naufrágio econômico.
A ordem é dar as mãos
Se não temos US$ 1 trilhao de dólares para repartir mil dólares para cada cidadão que integra a roda da economia, como está fazendo os Estados Unidos da América, ou o Reino Unido, que liberou isenção fiscal para diversos setores, vamos decidir por uma revisão do manicômio tributário para que o setor produtivo produza, a distribuição aconteça, o comércio venda e o trabalhador mantenha seu poder de compra, em patamares realistas, claro. A ordem é dar as mãos. Ninguém é uma ilha muito menos autossuficiente. Se cada um perde um pouco todos saem ganhando, vencendo a peste do vírus e a maldição recessiva, em espírito solidário, participativo e decisivo para nossa sobrevivência. Mãos à obra!
(*) Nelson é economista, empresário, presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Mecânica e Material Elétrico de Manaus e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas
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